São Paulo, 19/08/2025 – O índice financeiro (IFNC) tinha maior queda intradiária entre segmentos da B3 na sessão desta terça-feira, com as ações do Itaú, Bradesco, B3 e Banco do Brasil retirando, em conjunto, cerca de 850 pontos do Ibovespa, em pregão de significativa aversão ao risco, em meio à escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino na véspera.
Por volta das 12h25, as ações PN de Itaú e Bradesco recuavam 3,18% e 3,67%, respectivamente. No mesmo horário, os papéis ON de B3 e Banco do Brasil perdiam 3,65% e 4,32%, respectivamente. O Índice Financeiro recuava 3,41%, constituindo a maior queda entre segmentos da B3. Também registrava a maior queda intradiária desde novembro de 2024. Já o Ibovespa recuava 2,04%, pior sessão intradiária desde abril de 2025.
Há pouco, o Banco do Brasil disse em nota estar pronto para lidar com questões “complexas e sensíveis” envolvendo regulamentações globais, após decisão de Dino, na véspera, determinar que leis estrangeiras não podem ser aplicadas automaticamente no Brasil. O Banco do Brasil também disse operar “em total conformidade” com a legislação brasileira e os padrões internacionais, segundo comunicado enviado à Reuters.
“Não adianta o Dino, em uma canetada, proibir banco brasileiro de fechar conta de ministro, porque é impraticável. Entramos em região cinzenta, opaca. Hoje é um dia um pouco mais complexo. Você teve uma notícia que assustou (decisão do STF)”, afirmou o CIO do TC, Pedro Albuquerque, em participação na TC News. Também segundo ele, o fundo multimercados Cosmos não detém mais alocação no papel de Banco do Brasil.
O professor do departamento de Economia da Universidade de Brasília, Roberto Ellery Jr, avaliou que o potencial impacto da decisão de Dino para o Brasil pode ser “muito maior que as tarifas” de Trump.
ESCALADA
De acordo com coluna do jornal O Globo, a decisão de Dino, que obriga os bancos a consultarem o STF antes de acatar ordens estrangeiras para bloquear ativos ou contas de brasileiros, não é a única medida considerada pela Corte diante da pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o tribunal.
Nos últimos dias, ministros relataram a aliados a possibilidade de “bloquear os bloqueios”, impedindo que instituições financeiras nacionais executem determinações externas — exatamente como ocorreu agora. Caso a tensão avance, porém, já se discute uma reação mais dura: congelar ativos ou contas de empresas americanas com operações no Brasil.
Na noite de ontem, horas depois da ação feita por Dino, um órgão do governo americano fez um post no “X”, no qual afirmou que o ministro Alexandre de Moraes é “tóxico” para empresas e pessoas que buscam acesso aos Estados Unidos e que “nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas pelos EUA”.
De acordo com coluna Lauro Jardim, de O Globo, bancos brasileiros estariam “perplexos” com a decisão de Dino. “Não tem a menor possibilidade de um banco brasileiro ignorar a Lei Magnitsky”, afirmou o diretor de um grande banco ao colunista. De acordo com a fonte, a decisão de Dino é “incumprível”.