Corte de juros na China puxa commodities e Fed mais duro trava as bolsas

O Banco Central Europeu deve elevar a taxa de juros pela oitava vez

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Por: Patricia Lara

Os ativos domésticos hoje reagem a sinais mistos do exterior após o bom humor da véspera ajudado pela decisão da S&P Global de elevar a perspectiva para a nota de crédito soberano do Brasil. As commodities sobem depois de a China reduzir taxas de empréstimo de médio prazo após mais uma rodada de dados fracos de atividade.

As bolsas europeias e os futuros de Nova York operam em baixa, ainda sob efeito dos sinais do Federal Reserve ontem de que novas altas de juros ainda estão por vir, e antes da decisão do Banco Central Europeu para a taxa de juros na Zona do Euro.

A China reduziu a taxa da linha de empréstimo de médio prazo de 2,75% para 2,65% em mais um esforço para revigorar a economia. Dados divulgados ontem à noite deram novas evidências do enfraquecimento do dinamismo econômico chinês. A produção industrial teve alta anual de 3,5% em maio, abaixo do consenso de 3,8% e indicando desaceleração do ritmo de 5,6% em abril. As vendas do varejo registraram expansão anual de 12,70% e os investimentos fixos subiram 4% no ano até maio, ambos abaixo do previsto.

Com o anúncio do corte da taxa de juros e expectativa de mais medidas, o contrato do minério de ferro para setembro subiu 1,43%, a 815,5 iuanes (US$113,96) por tonelada,o maior nível desde 31 de março, na Bolsa chinesa de Dalian. O petróleo Brent para agosto subia 0,74%, a US$73,74 o barril, impulsionado também pelo crescimento de 15,4% da produção das refinarias chinesas em maio, a segunda maior expansão já registrada.

O Índice Dólar, que mede a variação da moeda ante principais pares, tinha leve alta e os rendimentos dos títulos de dívida americana subiam.

O Banco Central Europeu deve elevar a taxa de juros pela oitava vez. O consenso é de alta de 0,25pp, puxando a taxa básica para o maior nível desde a crise financeira de 2008. A decisão sai às 9h15, seguida por entrevista coletiva da presidente do BCE, Christine Lagarde, às 9h45.

A agenda é intensa nos EUA com divulgação das vendas do varejo e do índice de preços das importações de maio, além de dados de atividade Empire State de Nova York e do Fed de Filadélfia de junho, às 9h30. Também saem dados da produção industrial americana em maio, às 10h15.

Aqui, o principal foco recairá sob o leilão de títulos prefixados do Tesouro Nacional após a revisão da perspectiva para o rating da nota de crédito do país de estável para positiva e a queda da percepção de risco do país. O Tesouro ofertará Letras do Tesouro Nacional (LTN) e Notas do Tesouro Nacional – série F (NTN-F). Na semana passada, o Tesouro fez uma mega emissão de títulos prefixados após a queda das taxas futuras de juros.

A agenda doméstica de indicadores traz ainda dados do setor de serviços em abril, um dia após o resultado do setor de varejo no mesmo mês frustrar as expectativas.

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, os futuros dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 cediam 0,10%, 0,27% e 0,60%, respectivamente.

O índice Stoxx Europe 600 recuava 0,36%, com as ações de mineradoras entre os destaques de queda. O índice FTSE 100, da bolsa de Londres, subia 0,13%, e o DAX, da bolsa de Frankfurt, perdia 0,45%.

A maioria das moedas cedia ante o dólar americano. O Índice Dólar DXY subia 0,08%, a 103,07 pontos. O iene japonês se desvalorizou para a mínima em sete meses, levando as autoridades japonesas a sinalizarem que o movimento excessivo da moeda não era desejável. Perto das 7h15, o dólar subia 0,74%, a 141,08 ienes.

O juro projetado pelos títulos do Tesouro dos EUA de dez anos subia 2,7 pontos-base, a3,819%.

O índice VIX, que mede a volatilidade implícita para as opções do índice S&P500, operava em alta de 1,44%, a 14,08 pontos.

Na Ásia, as bolsas fecharam em direções distintas. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, saltou 2,17% e o índice de referência Xangai Composto subiu 0,74%. Na contramão, o índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, teve variação negativa de 0,05% e o Kospi 200, da bolsa de Seul, caiu 0,40%.

O Bitcoin cedia 0,83% nas últimas 24 horas, a US$24.968; o Ethereum recuava 0,82% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, operava em alta de 1,42% no pré-mercado em Nova York, com os ADRs da Vale em queda e os da Petrobras em alta.

O dólar futuro pode abrir em queda na B3, prolongando o desempenho diante da melhora da percepção de risco do Brasil

Os contratos de juros futuros na B3 balizam o rumo de alta das taxas externas com a melhora da percepção de risco, além de monitorar o lote do leilão do Tesouro.

DESTAQUES

O Goldman Sachs avalia que a melhora do rating soberano do Brasil e a recuperação do status de grau de investimento exigirião reformas decisivas e políticas macro, micro e regulatórias que apoiem o investimento e promovam o crescimento da produtividade, além de estabilizarem a dinâmica da dívida. Para o banco americano, com exceção da política monetária, o atual mix de políticas macro e micro e as perspectivas para reformas ainda estão significativamente aquém desse padrão. (Mover)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que a reafirmação do rating do Brasil em “BB-” pela agência de classificação de risco S&P é resultado do esforço entre os três Poderes. Ele, porém, afirmou que o Banco Central deve se somar ao esforço de harmonização entre os Poderes, e também criticou o atual patamar da taxa básica de juros, de 13,75%. (Mover)

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), disse ontem que já iniciou os debates na Casa sobre o projeto de lei do voto de qualidade do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que deve ser ir a plenário na semana que vem. Lira também afirmou que, em reunião mais cedo com o relator da Reforma Tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), fez um apelo para que ele apresente logo o “texto pormenorizado” do projeto, principalmente “nas áreas mais sensíveis”. (Mover)

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira que a maioria dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) vê novos aumentos dos juros neste ano como “apropriados”, em razão dos riscos altistas para a inflação nos Estados Unidos. Powell disse que a inflação moderou “um pouco”, embora as pressões inflacionárias continuem elevadas. (Mover)

A equipe da Oportunity Capital, liderada por Marcos Mollica, sócio e head de gestão, avaliou que a surpresa “hawkish” da decisão de juros desta semana veio na mediana das expectativas dos membros do FOMC, no “Dot-Plot”, que aponta para mais duas altas da taxa-alvo Fed Funds neste ano, a 5,6%, ante projeção de março, de 5,1%. (Mover)

Os investidores enfrentam um dilema após a decisão de juros do Fed desta quarta: quanto mais cedo o banco central interromper a alta de juros, menos provável será que precise cortá-las no futuro. O fim do ciclo parece estar próximo, ainda que o presidente da autarquia, Jerome Powell, tenha assegurado que altas adicionais ainda podem ser apropriadas neste ano. A mediana das projeções aponta para a taxa-alvo Fed Funds entre 4,50% e 4,75% até o fim de 2024. (Wall Street Journal)

O diretor-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, admitiu “trabalhar internamente” a possibilidade de exercer o direito de preferência em ofertas de compra por ações da Braskem, o que a tornaria controladora da petroquímica. (Valor)

A Fleury fechou parceria com o Hospital Albert Einstein para atuar na realização de testes de genômica, análise molecular e genética. As empresas serão sócias na Gênesis, com a Fleury como majoritária no negócio, que mira se tornar referência no setor. (Mover)