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Confiança em desinflação não foi ajudada por dados recentes, diz ata do Fomc

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São Paulo, 10/4/2024 – Os recentes dados de inflação no início deste ano, que mostraram uma reaceleração da alta dos preços, não contribuíram para a confiança do Federal Reserve de convergência do processo desinflacionário em direção à meta de 2,0%, de acordo com a mais recente ata do banco central americano, reportada há pouco.

No documento, os participantes citaram uma incerteza em torno da persistência da inflação em níveis altos. Eles reconheceram, porém, a continuidade do processo desinflacionário, ainda que sob um ritmo, de certa forma, “acidentado”. Pesa sobre a leitura da ata desta quarta a divulgação dos mais recentes dados de inflação, de março.

Ainda assim, de acordo com o documento, os dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) entendem ser “apropriado” reduzir o custo de crédito na economia americana “em algum momento” neste ano.  A mediana das projeções contidas no mais recente “Dot-Plot”, de março, apontava para três cortes de juros neste ano.

No entanto, desde a última decisão de juros, em 20 de março, várias autoridades do Fed colocaram em xeque a possibilidade de uma redução de 75 pontos-base da taxa-alvo Fed Funds ao longo deste ano. O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse recentemente acreditar em apenas um corte de juros, no quarto trimestre. Bostic é membro votante do FOMC em 2024.

Por volta das 15h30, os índices S&P500, Dow Jones e Nasdaq 100 recuavam 1,11%, 1,30% e 1,05%, respectivamente. No mesmo horário, os rendimentos das Treasuries de dois anos – mais sensíveis à política monetária no curto prazo – subiam 21,3 pontos-base, a 4,960%. Os de dez anos avançavam 18 pbs, a 4,546%, em um dia carregado pela agenda, com dados da inflação e leilão de Treasuries notes de dez anos.

Também de acordo com o documento, a ampla maioria dos participantes do comitê julgou ser “prudente” iniciar o processo de desaceleração da redução do balanço patrimonial “muito em breve”.  De acordo com a ata, os membros concordaram em desacelerar o processo de redução pela metade.

O FOMC manteve a taxa-alvo Fed Funds inalterada no intervalo entre 5,25% e 5,50% na mais recente decisão de juros, em meados de março. Na coletiva de imprensa que se seguiu à decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou a visão já apontada de que o banco central seguirá procurando por confirmação de um processo de desinflação em direção à meta de 2,0% para proceder com o alívio monetário.

A inflação de preços ao consumidor avançou acima do esperado em março, derivado da alta dos preços da gasolina e moradias, minimizando as chances de um corte de juros pelo Fed já no primeiro semestre. De acordo com o Bureau of Labor Statistics, a inflação ao consumidor avançou 0,4% em março, na base mensal, e acima do consenso, de alta de 0,3%. O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, também subiu 0,4% no período, acima do consenso, de 0,3%.

Por volta das 15h30, derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME) apontavam 83% de chances de manutenção da taxa-alvo Fed Funds na decisão de junho do FOMC, ante 42,6% de chances projetadas na véspera. Ontem, as apostas seguiam majoritárias para um corte de 25 pontos-base na decisão de junho. Agora as apostas para o início do ciclo de cortes se tornam majoritárias apenas para a reunião de setembro.

(GP+LB | Edição: Equipe Mover | Comentários: equipemover@tc.com.br)