Por: Maria Luiza Dourado
O time de análise do BTG Pactual reduziu o preço-alvo das ações de varejistas de moda premium de seu universo de cobertura, em meio à persistência da deterioração do cenário macroeconômico, que diminui o consumo de itens discricionários como roupas e calçados, e à concorrência acirrada entre agentes nacionais e estrangeiros no mercado brasileiro.
Arezzo, Grupo Soma e Track&Field são as principais teses do setor em 2023 para o time de varejo do BTG, composto pelos analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli, Victor Rogatis e Luiz Temporini. Mesmo mantendo a recomendação de “compra” para as ações das três, o BTG reduziu o preço-alvo das ordinárias de Arezzo e Grupo Soma de R$125 para R$109, e de R$19 para R$16, respectivamente. Para as preferenciais da Track&Field, de R$17 para R$15.
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Apesar da manutenção da recomendação de “compra” para as ordinárias da Lojas Renner, o preço-alvo também foi reduzido, de R$39 para R$27.A líder do varejo de moda brasileiro segue bem posicionada para ganhar participação de mercado, segundo o BTG, mas o elevado nível de inadimplência e os juros altos devem punir seu braço financeiro “Realize”. Além disso, a Renner parece concorrer em maior parte com os players nativos digitais, como a chinesa Shein.
A recomendação do BTG para as preferenciais da C&A foi rebaixada para “neutra”, com revisão no preço-alvo de R$7 para R$3, “diante do cenário incerto para o seu plano de recuperação”.
As ações ordinárias de Arezzo fecharam o pregão desta terça-feira em queda preliminar de 0,42% na B3, a R$87,74. Os papéis de Grupo Soma, Lojas Renner e C&A encerraram a sessão em altas preliminares de 3,24%, 2,36% e 2,77%, a R$10,50, R$21,69 e R$2,97, respectivamente. Já as preferenciais da Track&Field caíram 1,63% preliminarmente, para R$10,88.
ESTRANGEIRAS
Segundo o BTG, o Brasil é um país caro para empresas estrangeiras desenvolverem seus negócios. No relatório, os analistas citam a Shein, cujos produtos custam mais que o dobro no Brasil em comparação aos Estados Unidos, ajustados pela paridade do poder de compra. Os analistas afirmaram que a Shopee e a Shein ainda estão criando um entendimento local e testando estratégias – como lojas temporárias, ou “pop-ups”, ou facilidades para vendedores –, e devem seguir queimando caixa.
Ainda assim, a Shein é um destino relevante de compras online, segundo o BTG, que estima que as vendas da chinesa em 2022 tenham atingido R$8 bilhões apenas no Brasil – suportada pelo modelo de “varejo em tempo real”, com tempo recorde de lançamento e produção de novos designs, inteligência artificial e uso robusto de social selling.
