Gestores precificam resultados mais fracos de companhias brasileiras, diz BofA

Pesquisa mostra pessimismo do mercado com atual temporada

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Por Fabricio Julião

A maioria dos gestores globais consultados pelo Bank of America Securities já precifica resultados mais tímidos para as companhias brasileiras na divulgação de seus balanços referentes ao segundo trimestre, enquanto uma minoria, de quase 20%, entende que resultados abaixo do esperado constituiram uma surpresa. O restante dos profissionais acredita que os números serão melhores que o estimado, apontou o BofA.

Entre os 36 gestores consultados, metade deles afirmou esperar que as revisões de lucros das empresas permaneçam estáveis este ano. Além disso, 50% dos profissionais também planeja aumentar exposição aos mercados acionários nos próximos seis meses. A posição é compatível ao cenário esperado por esses gestores sobre o Ibovespa. A expectativa em relação ao principal índice da bolsa de valores brasileira é de encerramento do ano entre 120 mil e 130 mil pontos.

Além das apostas de alta no mercado acionário, o número de gestores que passaram a apostar em depreciação do dólar ante o real dobrou desde a última pesquisa feita pelo BofA, em junho. Agora, 44% deles acredita que a taxa de câmbio encerrará o ano abaixo do patamar de R$4,80, ante 21% no mês passado.

A pesquisa destaca ainda que o apetite ao risco dos gestores encontra-se acima da média histórica pela primeira vez desde novembro de 2021. O setor de consumo discricionário é visto como a principal aposta entre gestores, que possuem alocação comprada no setor pela primeira vez desde outubro de 2022. Em seguida, a preferência recai sobre o setor financeiro, de acordo com a pesquisa.

Mais da metade dos participantes espera que a China conceda novos estímulos à economia, o que deve resultar em uma valorização das commodities, beneficiando o mercado brasileiro. No entanto, os entrevistados possuem posição líquida vendida no setor de Materiais Básicos da bolsa, composto por companhias como Vale, Gerdau e CSN.

Vale destacar que os participantes do levantamento estimam que o Brasil deve crescer entre 1% e 3% este ano. A estimativa é próxima à adotada para o Produto Interno Bruto (PIB) mexicano, esperado entre 2% e 3%, de acordo com a pesquisa. Os maiores riscos para a região, na visão dos gestores, incidem sobre a elevada taxa-alvo Fed Funds e um eventual crescimento menor que o esperado da economia americana.