Balanços de tecnologia acalmam exterior; IPCA-15 baliza apostas para juros

No Brasil, a prévia da inflação de abril é foco para os investidores e deve mostrar desaceleração dos preços

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Por: Patrícia Lara

Resultados acima das expectativas das gigantes de tecnologia criam um suporte ao futuro do índice Nasdaq, que concentra ativos do setor, mas a apreensão com uma recessão nos Estados Unidos e com os bancos, revigorada ontem por notícias envolvendo a instituição americana First Republic, ainda arranha o ambiente externo. No Brasil, a prévia da inflação de abril é foco para os investidores e deve mostrar desaceleração dos preços. O dado será divulgado um dia após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ter mantido o tom de cautela em audiência no Senado, desfavorecendo o cultivo da ideia de alívio iminente da taxa de juros doméstica.

No exterior, o Nasdaq futuro subia mais de 1%, perto das 7h00, mas o do Dow Jones operava em queda de 0,06% e o do S&P 500 tinha variação positiva de 0,06%, enquanto as bolsas europeias cediam. O setor de tecnologia assegurava um contraponto favorável ao receio com os bancos.

As ações da Microsoft disparavam mais de 7% no pré-mercado de Nova York após a companhia anunciar resultado financeiro acima do esperado em seu último trimestre. A empresa também registrou um grande salto na receita de seu segmento de negócios de nuvem inteligente. A Alphabet, controladora do Google, reportou receita acima do esperado, de acordo com o consenso de projeções da Refinitiv, com lucro em seu negócio de nuvem pela primeira vez na história. As ações da companhia avançavam mais de 2% no pré-mercado.

O Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda ante principais divisas pares, cedia 0,48%, a 101,36 pontos. Por outro lado, os rendimentos dos títulos de dívida americana subiam após as taxas derreterem na véspera com a alta dos preços dos papéis, já que esses ativos servem como abrigo para momentos de tensão. A taxa do título de 2 anos subia 2 pontos-base, para 3,9201%, após cair quase 20 pontos-base ontem diante da preocupação com o First Republic.

As ações do First Republic, que derreteram 49,4% ontem, subiam 4,69% no pré-mercado. O solavanco de ontem foi gerado pelo anúncio do banco com sede na Califórnia de que está em busca de opções estratégicas depois que sofreu resgates de US$100 bilhões de depósitos durante a turbulência bancária de março.

Nas commodities, o minério de ferro ainda não encontrou respaldo para encerrar as perdas de preço em meio a notícias de que mais de 30 usinas siderúrgicas divulgaram planos de manutenção até terça-feira, segundo a provedora de dados Mysteel, citada pela Reuters. Na Bolsa chinesa de Dalian, o contrato para setembro do minério, o mais negociado, encerrou a sessão em queda de 0,4% a 716,50 iuanes, o equivalente a US$103,52 a tonelada. Mas em Cingapura, o futuro do metal subiu, depois de acumular queda de mais de 20% ante o pico de 15 de março.

No Brasil, a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo de abril (IPCA-15) deve mostrar variação de 0,60% em abril, ante alta de 0,69% no mês anterior. A estimativa foi feita com base em projeções de 15 economistas consultados pela Mover para o TC Consenso. O dado será divulgado às 9h00. Antes, às 8h30, o Banco Central divulga indicadores de crédito e inadimplência.

Ontem, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Campos Neto disse que a inflação dos núcleos, hoje rodando em 7,8%, “é muito alta para uma meta de 3,25% este ano”. Ele destacou também as sucessivas semanas de piora das expectativas inflacionárias para 2023.

O Tesouro Nacional divulga hoje o Relatório Mensal da Dívida de março de 2023, às 14h30, seguida por entrevista coletiva do coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Luis Felipe Vital, às 15h00.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em junho operava em queda de 0,04%, a US$80,77 o barril.

O Bitcoin subia 1,97% nas últimas 24 horas, a US$28.924; o Ethereum avançava 1,67% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, ETF que replica as ações brasileiras no exterior, estava estável no pré-mercado americano, após cair 1,43% na véspera.

Os contratos de juros futuros na B3 devem reagir ao IPCA-15 e ao ambiente externo, após recuarem ontem em sintonia com a queda das taxas externas.

DESTAQUES

O governo fechou um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), para evitar a derrota na votação do requerimento de urgência de uma proposta que suspenderia efeitos de um decreto editado no mês passado, que alterou o Marco Legal do Saneamento, disseram à Mover duas fontes com conhecimento do assunto. (Scoop by Mover)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai depor nesta quarta-feira à Polícia Federal no inquérito dos atos golpistas de 8 de janeiro. O depoimento no caso foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na semana passada. (G1)

Na Colômbia, o presidente Gustavo Petro disse que sua coalizão majoritária no Congresso se desfez após oito meses, em meio a relatos de que ele pediu a renúncia de seu gabinete. Petro, ex-guerrilheiro e primeiro presidente de esquerda da Colômbia, anunciou no Twitter na noite da última terça-feira que “a coalizão política acordada por maioria terminou devido a decisões de alguns presidentes de partidos”. O episódio veio depois que líderes de três partidos tradicionais em sua coalizão de centro-esquerda anunciaram que não apoiariam seu controverso projeto de reforma da saúde. (Financial Times)

O Banco Central da Suécia, o Riksbank, elevou sua taxa de recompra em 50 pontos-base, para 3,50%, como esperado, elevando os custos de empréstimos para o nível mais alto desde dezembro de 2008. O BC indicou ainda que pode fazer mais um ajuste de 0,25 ponto percentual em junho ou setembro. A inflação foi de 8,0% em março, a menor desde julho passado, mas bem acima da meta do banco central. O banco central também disse que a inflação deve cair este ano e se estabilizar perto da meta de 2% em 2024. (Agências)

A elétrica Neoenergia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola, vendeu 50% de oito ativos de transmissão ao GIC, veículo de investimento do fundo soberano de Cingapura, por R$1,2 bilhão. (Mover)