Por: Luciano Costa
A chinesa State Grid e a Eletrobras (ELET3) são as favoritas a vencer rodadas no leilão de novos projetos de transmissão de energia que o governo federal promove em 15 de dezembro. Os chineses são vistos como mais fortes na disputa pelo maior lote, que exigirá até R$18,1 bilhões, e empresas como Alupar (ALUP11) e Cymi também devem participar, disseram três fontes à Mover.
No entanto, ao contrário das licitações mais recentes no setor, a concorrência deve ser bem mais restrita — grandes grupos como Cteep, Taesa (TAEE11), Engie (EGIE3), Cemig (CMIG3, CMIG4), Copel (CPLE3) e Neoenergia decidiram não participar, e os projetos têm orçamentos altos que afastam grupos menores e novos entrantes, segundo as fontes, que falaram sob condição de anonimato.
Essas condições devem abrir espaço para que o leilão, que será o maior da história, com projetos que demandarão R$21,7 bilhões nos próximos anos, registre deságios menores que nos últimos certames, potencialmente gerando retornos interessantes para os vencedores, ainda de acordo com as fontes.
O grande favoritismo dos chineses está associado à tecnologia do lote 1, subdividido em 4 projetos, que preveem construção de linhas de transmisssão e estações conversoras de ultra-alta tensão — cerca de 800 kilovolts — em corrente contínua. Fabricantes chinesas são as mais competitivas, e há até dúvidas sobre disponibilidade de fornecedores rivais neste momento no mercado, disse uma das fontes.
“Esse é o X da questão. Os fabricantes europeus estão muito demandados. E os brasileiros estão até com dificuldade de conseguir ofertas dos fabricantes chineses”, disse à Mover uma fonte que acompanha de perto as movimentações para a licitação.
A State Grid, maior elétrica do mundo, opera diversos linhões como esses de ultra-alta tensão na China, e também dois no Brasil para escoar produção de Belo Monte — sendo que o primeiro deles foi construído em parceria com a Eletrobras, quando a brasileira ainda era estatal. A companhia é controladora da CPFL Energia, mas deve participar por meio de sua unidade de negócios não listada em bolsa, a State Grid Brazil Holding, segundo as fontes.
Os chineses também demonstram há algum tempo o apetite pelos projetos que serão agora licitados, além de não terem participado dos últimos leilões, provavelmente guardando caixa, disseram as fontes. Eles afirmam que a empresa não deve ir com parceiros. “O mercado todo está conformado com o favoritismo deles”, disse uma das pessoas.
No caso da Eletrobras, a companhia está desalavancada e com disposição para investir depois de sua privatização. No último leilão, em junho, ela arrematou um projeto pequeno e agora deve “chegar com muita força” pelos lotes 2 e 3, disse uma das fontes. Esses projetos exigirão R$2,6 bilhões e R$1 bilhão, respectivamente.
Procurada, a Eletrobras disse que, “agora privada e com sua capacidade de investimentos ampliada, avalia constantemente oportunidades que estejam de acordo com sua estratégia”.
A State Grid Brazil disse que “atua no país com uma proposta de longo prazo e está sempre atenta às oportunidades de empreendimentos no setor de transmissão de energia, mas não comenta ações específicas relacionadas a leilões, planos estratégicos e investimentos.”
Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 09H56, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.
(LC | Edição: Juliana Machado | Comentários: equipemover@tc.com.br)