Por Artur Horta
A Raízen (RAIZ4), uma das maiores produtoras de etanol de cana de açúcar do país, recebeu certificação que comprova que o combustível produzido no Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba (SP), cumpre requisitos internacionais para ser classificado como Combustível Sustentável de Aviação, conhecido pela sigla em inglês “SAF”.
Segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira, a Raízen se tornou a primeira produtora de etanol do mundo com a certificação ISCC CORSIA Plus, emitida pela International Civil Aviation Organization (ICAO). A habilitação tem potencial para abrir novos mercados para a companhia, uma vez que diversos países têm planos em andamento para adoção obrigatória de um percentual mínimo de uso do SAF, visando diminuir emissões de gases do efeito estufa.
“Produzido a partir de matéria-prima renovável, o SAF é capaz de reduzir cerca de 80% o volume total de emissões de gases de efeito estufa em comparação ao combustível fóssil de aviação, segundo estimativa da Associação Internacional de Transportes”, afirmou a companhia.
Recentemente, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) se reuniu com o Ministério de Minas e Energia para debater o impacto do combustível no cenário atual do setor aéreo, como o custo do querosene de aviação (QAV) e a necessidade de uma política para produção em larga escala do SAF no Brasil. O ministro Alexandre Silveira disse na semana passada que o projeto “Combustível do Futuro”, em preparação no governo para envio ao Congresso em breve, deve trazer mandatos com níveis mínimos de uso do combustíveis sustentável na aviação brasileira.
A Abear tem defendido junto ao governo federal uma regulamentação do mercado de carbono e o alinhamento do mercado brasileiro de SAF com as regras internacionais, já que o uso de um combustível sustentável representa uma parte significativa das medidas para zerar as emissões do setor aéreo até 2050.
A expectativa é que nos próximos anos as companhias se comprometam cada vez mais com a redução degases do efeito estufa, o que criaria um amplo mercado para o SAF. Além da Raízen, o combustível também está nos planos da Petrobras, e a Vibra Energia fechou acordo com a BBF para comercializar a produção de SAF de uma unidade da parceria, prevista para a partir de 2025.