PetroReconcavo vê oportunidades esquentando e deve olhar ativos da 3R

Marcelo Cruvinel, gerente de RI da empresa, detalha movimentações do negócio

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Por Luciano Costa

O mercado de fusões e aquisições no setor de petróleo do Brasil está voltando a esquentar, em um movimento que deve ser impulsionado desta vez principalmente por grupos privados, após a suspensão do plano de desinvestimentos da Petrobras (PETR4), disse o gerente de Relações com Investidores da PetroReconcavo (RECV3), Marcelo Cruvinel, em entrevista exclusiva à Mover.

As independentes do setor, conhecidas como “junior oils”, compraram diversos ativos nos últimos anos, e agora há expectativas de que alguns possam ser colocados à venda. A 3RPetroleum (RRRP3), por exemplo, quer desinvestir de certas operações ou fechar parcerias, incluindo em infraestruturas de refino e processamento, e a PetroReconcavo estará de olho.

“É, sim, um alvo”, disse Cruvinel à Mover, ao ser questionado sobre os possíveis desinvestimentos da 3R. “Temos algum nível de interação com eles em várias frentes, e pode fazer sentido ter alguma parceria”.

“Sempre fomos vocais no sentido de que nos entendemos como um candidato preferencial ao processo de consolidação no setor pelo nosso histórico de 20 anos de atuação e por nossa capacidade de execução diferenciada. Além disso, nós mantemos condições financeiras muito sólidas”, acrescentou.

“Parece que começou a esquentar de novo esse mercado, estava meio frio no começo do ano”, disse Cruvinel. “Mesmo a Petrobras tem se mostrado recentemente mais aberta à possibilidade de parcerias”, comentou Cruvinel.

A petroleira estatal negociava a venda do campo Bahia Terra para a PetroReconcavo e a Eneva, mas a operação foi suspensa antes da assinatura do contrato, após pedido do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Petrobras. Depois, o CEO da estatal, Jean Paul Prates, disse a jornalistas que estaria aberto a parcerias no ativo. “Essas conversas estão em níveis preliminares ainda”, disse Cruvinel.

A PetroReconcavo encerrou o segundo trimestre com R$785 milhões em caixa e aplicações financeiras, e dívida líquida de R$781 milhões. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e EBITDA, ficou em 0,53 vez.

RESTRIÇÕES NO GÁS?

Os resultados do segundo trimestre da PetroReconcavo foram prejudicados por restrições ao escoamento de gás da subsidiária Potiguar E&P, que produziu 730 mil metros cúbicos por dia em junho, mas só conseguiu escoar cerca de 524 mil m³ na maior parte do mês, sendo obrigada a queimar o restante.

Os problemas estão associados à infraestrutura de escoamento, operada pela 3R Petroleum, que está em conversas com a PetroReconcavo sobre esforços necessários por parte de cada empresa para solucionar as limitações. Em julho, a companhia conseguiu escoar 630 mil m³/dia, e os volumes devem crescer nos próximos meses, disse Cruvinel.

“Ali em setembro, início de outubro, já deve haver uma redução significativa nessa restrição, e no final do ano, início de janeiro, deve ter um novo incremento, para mais de 1 milhão de m³/dia em capacidade de escoamento. Há uma boa possibilidade”, afirmou.

As restrições de escoamento no Ativo Potiguar impactaram os resultados da PetroReconcavo em R$47 milhões entre junho e agosto, o que também jogou para cima o custo de extração, segundo relatório de analistas do Santander Investment & Corporate, ofuscando a forte produção da empresa, que atingiu recorde em julho.

Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 12H09, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.