Por Felipe Corleta e Fabrício Julião
A Petrobras (PETR4) anunciou nesta manhã um corte nos preços de diesel para distribuidoras de combustíveis, de R$ 0,18 por litro, vigente a partir de quinta-feira.
A companhia anunciou via comunicado de imprensa que reduziu o preço do diesel tipo A de R$ 4,02 para R$3,84 por litro, uma diminuição de cerca de 4,5%.
Diante da pressão de baixa que o reajuste pode trazer para a inflação, os juros futuros passaram a cair na B3 com a notícia, também na expectativa pelas decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil agendadas para hoje.
As ações da Petrobras, que operavam em queda pela manhã, aceleraram perdas com a informação do reajuste. Os papéis ordinários (PETR3) chegaram a recuar 1,5%, para R$ 23,04 na mínima da sessão, logo após a notícia. Por volta de 11h01, recuavam 1,2%, a R$ 23,12.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) os preços praticados pela Petrobras para o diesel no Brasil estariam acima dos chamado preço de paridade de importação em R$0,10 centavos, ou 3%, diferença inferior aos R$0,18 de corte de cotações anunciado pela Petrobras.
A medida de redução nos preços de combustíveis segue uma desvalorização do petróleo Brent, que recua 9,86% no mês de março, na esteira de preocupações de investidores com a atividade econômica após os eventos de falência de bancos nos Estados Unidos.
A Abicom calcula que o consumidor pode ter uma economia de R$0,16 por litro do diesel, após a redução de preços do combustível anunciada hoje pela Petrobras.
O efeito da queda no preço do combustível não deve trazer alívio para a inflação em março e em abril, segundo um especialista consultado pela Mover. No entanto, caso esta redução permaneça em vigor por determinado tempo, a pressão inflacionária deve arrefecer ao longo do ano e isso pode ajudar com que as expectativas sobre o Índice Nacional de Preços Amplo (IPCA) caiam no médio e longo prazo.
Impacto deve ser nulo
O impacto da redução no preço do diesel anunciada nesta manhã pela Petrobras deve ser ínfimo para a inflação brasileira no curto prazo, afirmou à Mover o coordenador de preços da Fundação Getulio Vargas, André Braz. Segundo ele, a queda no preço do combustível deve implicar na redução de 0,01% do Índice Nacional de Preços Amplo (IPCA) de março.
“Um terço deste percentual entra em março e dois terços em abril. Portanto, não muda a previsão da inflação neste momento, mas pode mudar para o resto do ano, a depender da duração desta queda”, disse Braz.
O pesquisador explicou que o diesel não tem muito peso no IPCA, mas que o efeito indireto dele é relevante, pois é o combustível usado nas máquinas do campo, no escoamento da produção agrícola, e tem impactos no frete e na passagem de ônibus urbano.
“É sempre positivo quando reduz o preço do diesel, porque pressiona menos a inflação nestes segmentos. O frete não encarece, a produção agrícola não tem aumento de custo e o transporte público urbano tem um apelo a menos para subir a passagem, Então, de uma forma geral, é uma boa notícia, porque ajuda indiretamente a segurar o processo inflacionário”, afirmou o economista.