Por Artur Horta
São Paulo, 24/1/2023 – A Petrobras anunciou hoje que vai subir o preço da gasolina para distribuidoras em 7,47% a partir de quarta-feira, um aumento de R$0,23 por litro, no primeiro reajuste anunciado pela companhia estatal desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – ainda que promovido por executivos indicados ao cargo pela administração anterior, de Jair Bolsonaro.
O preço médio de venda da gasolina A passará de R$3,08 para R$3,31 nas refinarias da empresa, enquanto o diesel não terá alterações.
“Esse aumento acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio”, disse a estatal em nota enviada à imprensa.
Embora Lula e aliados tenham criticado fortemente a política de preços da Petrobras e prometido mudanças durante a campanha eleitoral, a companhia na prática ainda é comandada por executivos nomeados por Bolsonaro, liderados pelo presidente interino João Rittershaussen. A indicação de Lula para liderar a companhia, do senador Jean Paul Prates (PT), será apreciada pelo conselho de administração na próxima quinta-feira, segundo comunicado divulgado hoje.
Em relatório, o Goldman Sachs disse que o reajuste mostra que a Petrobras está seguindo, pelo menos “em alguma medida”, os movimentos dos preços internacionais do petróleo, embora os valores praticados no mercado interno sigam cerca de 17% abaixo dos vistos na costa do Golfo dos EUA. Os analistas do banco americano estimaram a defasagem do diesel em 9%.
“A título de comparação, o desconto médio ante os preços internacionais ficou em 4% e 14% para diesel e gasolina em 2022”, acrescentaram eles. “Isso nos leva a acreditar que as margens de refino consolidadas da Petrobras continuam em níveis saudáveis”.
A Federação Única dos Petroleiros, FUP, que participou da equipe de transição de Lula para assuntos ligados à área de energia, afirmou que o futuro diretor-presidente Jean Paul Prates não teve qualquer participação no processo que levou ao reajuste, uma vez que ainda não assumiu o cargo. “A gestão bolsonarista da empresa continua com as negociações para privatização de mais ativos da companhia, com a distribuição abusiva de megadividendos para acionistas, e continua definindo os preços dos combustíveis no Brasil”, disse, em nota.
A elevação dos preços da gasolina ocorreu no momento em que o preço médio do combustível nas refinarias da Petrobras atingia a maior defasagem já registrada neste ano ante os valores praticados no exterior, de 15%, o que significa que o litro do combustível está R$0,55 mais barato no mercado interno, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis.
O diesel também atingiu defasagem recorde no ano, de 9%, ou seja: o litro do combustível está R$0,45 mais barato no Brasil que no exterior.
Com a notícia sobre o reajuste na gasolina, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) abriram em alta e chegaram a subir mais de 2%. Porém, por volta de 13h35, elas caíam 0,67%, a R$26,60 cada, acompanhando o recuo nos preços do petróleo Brent.