Nível da taxa média de aluguel diária das ações da CVC (CVCB3) bate recorde na Bolsa

Movimentação sugere que investidores apostam em queda do papel

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Por Luca Boni e Juliana Machado

O nível da taxa média diária de aluguel das ações ordinárias da CVC (CVCB3) está em níveis recordes e a possibilidade de uma alta no papel no curto prazo cresceu, após a companhia ter concluído uma oferta subsequente, ou “follow-on”, que levantou R$550 milhões na semana passada.

Segundo dados da Economatica de 27 de junho, a taxa média de aluguel diária nos papéis ON da CVC ficou acima de 140%, o maior nível da história da empresa de serviços turísticos. Esses níveis alimentam a possibilidade de avanço do papel, visto que a taxa pode atrair compradores interessados em disponibilizar o ativo para aluguel.

A taxa de aluguel é calculada considerando a quantidade de dias úteis em que o papel será alugado, e o volume financeiro para o cálculo considera o fechamento do dia anterior à operação – termos acordados entre o doador da ação e o tomador do aluguel.

Assim como o número de ações alugadas, a taxa de aluguel ajuda a indicar o nível de apetite entre investidores por operações “short” – ou posição vendida, que permite lucrar com a queda do ativo. Nesse tipo de operação, o tomador do empréstimo aluga o ativo a uma taxa acordada com o doador e se compromete a devolvê-lo em um determinado prazo.

De posse do ativo, o tomador vende o papel alugado, em uma operação chamada de “venda a descoberto”. Passado o prazo do aluguel, o tomador vai apurar lucro na operação se a ação tiver registrado queda – afinal, ele vendeu o papel alugado a um preço e o recomprou mais barato.

O nível elevado da taxa atualmente sugere haver apostas na queda da ação, especialmente porque uma oferta subsequente pressiona os ativos, ao jogar no mercado uma quantidade maior de papéis.

O “follow-on” da CVC foi precificado a R$3,30 por ação ON em 23 de junho, enquanto o papel era negociado a R$3,83 um dia antes – o que estimulava a tese de queda do ativo. As ON da CVC fecharam a sessão de ontem na B3 em queda de 0,29%, a R$3,40.

Como a CVC vem passando por alta alavancagem e baixa lucratividade recentemente, diversos investidores se posicionaram na expectativa de queda da ação. O aumento de capital da empresa veio justamente para reforçar sua estrutura neste momento.

“Se a taxa de aluguel permanecer alta, sim, alimenta uma chance de o papel subir”, uma vez que isso atrai investidores a comprarem a ação para alugá-la. “Mas precisamos acompanhar se o investidor ‘vendido’ vai conseguir devolver o aluguel”, afirmou à Mover o diretor de investimentos da 3R Investimentos, Tomas Awad, que tem posição em CVC ON de olho na expectativa de melhora dos fundamentos da empresa.

Para Awad, após o aumento de capital, “os problemas não estão 100% solucionados” na CVC, mas houve uma “boa melhora da estrutura de capital”, com chances de a companhia voltar a gerar caixa e ser lucrativa. “Além disso, a nova gestão diz ser factível fazer cortes de custos e aumento de receita”, afirmou.

As ON da CVC caem 24,28% e 51,36% no ano e no acumulado dos últimos 12 meses, respectivamente. O valor de mercado da companhia hoje é de cerca de R$1,5 bilhão.

Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 09H30, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.