São Paulo, 13/12/2024 – Grandes elétricas como Eletrobras e Auren têm se juntado a gigantes de outros setores, como Tim e Vivo, para buscar clientes no “varejo”, em meio à recente abertura do chamado mercado livre de energia para grandes e médias empresas, que atraiu uma enorme onda de novos negócios para o setor e fomentou desde parcerias a aquisições, mas rendeu também frustrações para alguns.
Até então restrito a grupos com maior porte e consumo de energia, o mercado livre foi ampliado a partir de janeiro, depois de regra aprovada ainda em 2022, na gestão de Adolfo Sachsida à frente do Ministério de Minas e Energia, no governo Bolsonaro. De lá para cá, imensas expectativas foram criadas, e na prática o negócio se mostrou mais desafiador que muitos imaginavam, disseram especialistas ao Faria Lima Journal e à Mover, unidade de notícias da plataforma para investidores TC.
“Temos visto aí um monte de comercializadoras demitindo, reduzindo quadro de pessoal pela metade, reestruturando. Mas é decorrente disso. Não é todo aquele mercado que se falava, isso frustrou um pessoal”, disse o vice-presidente de Comercialização da Cemig, Dimas Costa, em conversa com o Faria Lima Journal.
“Isso é um mercado pequeno, não é um mercado grande, é marginal. Foi um pouco de ilusão”, acrescentou Costa, ao apontar que no começo chegou-se a imaginar que 170 mil empresas poderiam migrar para o mercado livre varejista, número depois cortado para 70 mil, após estudos mais detalhados, ou até menos, na casa dos 50 mil.
Desde janeiro, com a abertura, mais de 21 mil novos consumidores migraram para o mercado livre, ritmo recorde, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Quase 80% são pequenas e médias empresas, como supermercados, padarias, farmácias e outros, que muitas vezes sequer conhecem o mercado e suas regras, e precisam ser atraídos e atendidos por consultorias ou comercializadoras de energia.
“O custo de aquisição de cliente (CAC) é alto. É um negócio com margens até elevadas, mas CAC alto e custo operacional alto. Tem que ter fluxo de caixa para aguentar”, disse ao FLJ o fundador da consultoria Envol Energy, Alexandre Viana.
Com mais de 25 anos de experiência no mercado, Viana, que acaba de lançar a Envol, avalia que em cinco ou dez anos devem restar entre 20 e 30 comercializadores varejistas, de mais de 100 atualmente. “Tem gente que estava com uma pressa grande e acabou tirando o pé. Devem ficar os grandes, vai ter consolidação”.
MERCADO EM MOVIMENTO
Não à toa grupos de energia estão fechando parcerias com empresas que contam com maior experiência na disputa por clientes no varejo, e também tem havido aquisições no setor — à medida que algumas companhias tentam “ganhar tempo”, ou comercializadoras que apostaram demais no novo mercado buscam compradores após frustrações.
Na maior elétrica da América Latina, Eletrobras, o CEO Ivan Monteiro disse que “um dos temas mais discutidos” no momento é a proposta de atuação no varejo. A ex-estatal se associou à Tim para avançar no mercado livre elétrico, e Monteiro disse na ocasião que a elétrica quer passar a estar “completamente voltada para o cliente”.
A Auren, da Votorantim Energia, anunciou parceria com Vivo e ainda comprou AES Brasil e a Esfera, que tinham fortes operações varejistas. A Comerc, braço de energia da Vibra, ex-BR Distribuidora, se associou ao Itaú de olho nesse mercado.
Além disso, o Santander Brasil comprou a America Energia, a Shell levou a Prime Energy e a Ultragaz ficou com a Witzler Energia, todas com planos de avançar na comercialização de eletricidade. Sem alarde, a geradora renovável Serena Energia incorporou a Energizou, focada no nicho varejista, segundo fontes.
Entre as maiores no mercado elétrico de varejo no momento estão empresas de elétricas como EDP, Equatorial, CPFL, Cemig, Copel, Engie e Neoenergia; além de Esfera, Comerc, America e Prime Energy, compradas por Auren, Vibra e Santander, respectivamente; e grupos independentes como Matrix, Elétron Energy, MegaWatt e Tempo Energia.
A Matrix, inclusive, passou por fusão com a gestora Prisma Capital em 2022, evidenciando também o interesse de agentes do mercado financeiro pelo mercado de eletricidade.
( LC | Edição: GP | Comentários: equipemover@tc.com.br)
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