São Paulo, 23/05/2025 – O governo do presidente Lula aprovou aumentos nas tarifas de importação de turbinas de energia eólica, disseram ao Faria Lima Journal duas fontes com conhecimento do assunto, citando preocupação das autoridades com a entrada de fornecedores chineses no setor, que estaria ameaçando tomar participação de mercado de rivais que possuem fábricas no Brasil.
A medida foi aprovada em reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior em 19 de maio, segundo uma das fontes, e segue-se a uma elevação recente das alíquotas para importações de placas de energia solar, que passou no final do ano passado pelo mesmo colegiado, ligado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
No caso dos equipamentos eólicos, a GECEX aprovou aumento do imposto de 11% para 20%, com entrada em vigor até o final deste ano, e para 25% a partir de 1º de janeiro de 2026, disseram as fontes, que pediram anonimato porque a decisão ainda não é pública. Procurado, o MDIC não respondeu pedidos de comentários.
Embora Lula coloque as energias renováveis como uma prioridade em discursos, e tenha mais recentemente criticado tarifas do presidente americano Donald Trump ante parceiros comerciais, ele já elevou três vezes as taxas brasileiras sobre painéis fotovoltaicos importados, que eram zeradas até 2023. Na mais recente, em novembro de 2024, a GECEX subiu as tarifas de 9,6% para 25%.
“Não basta aumentar o preço de módulos solares… agora o governo vai aumentar a alíquota do aerogerador”, criticou um executivo de uma empresa listada em bolsa que investe em geração renovável, falando sob condição de anonimato.
O governo estudava originalmente um aumento na tarifa das turbinas eólicas para 35%, de 11% atuais, enquanto empresas que investem no setor pleiteavam que a taxa ficasse em no máximo 20%. No fim, chegou-se a um “meio termo” para os até 25% de aumento até 2026, disseram as fontes.
Nos últimos anos, fabricantes da indústria eólica instaladas no Brasil têm sofrido com desaceleração dos investimentos no setor, devido à elevação dos custos de equipamentos e preços baixos de energia, que paralisaram projetos.
INDÚSTRIA EM XEQUE
Grupos como GE e Siemens suspenderam operações de fábricas locais para o segmento eólico, enquanto rivais chinesas como Goldwind e Sinoma se movimentaram para entrar no mercado, gerando preocupação com a sustentabilidade da indústria nacional, explicou uma das fontes.
“O ideal seria trabalharmos para entender por que o equipamento no Brasil é tão caro, e o que dá pra fazer. Buscar a competitividade da indústria nacional ao invés de só aumentar imposto do que vem de fora”, avaliou uma fonte do segmento de geração eólica.
Após um crescimento exponencial nas últimas décadas, as usinas eólicas são hoje a segunda fonte de energia do Brasil em capacidade, atrás apenas das grandes hidrelétricas, com mais de 30 gigawatts instalados. Em 2024, porém, houve desaceleração no crescimento anual pela prmimeira vez na história, diante do cenário menos favorável aos investimentos no setor.
Entre as empresas que produzem equipamentos de energia eólica no Brasil estão a catarinsense WEG, que produz turbinas, e a Aeris, que fornece pás eólicas, além de grupos estrangeiros como a dinamarquesa Vestas e a alemã Nordex Acciona. Em 2024, a chinesa Goldwind e a Sinoma chegaram ao mercado local.