Por Luciano Costa
A Engie (EGIE3) suspendeu hoje as operações do parque eólico Santo Agostinho, em construção no Rio Grande do Norte e já com algumas máquinas em funcionamento, depois de avarias que levaram à queda da pá de um aerogerador fornecido pela Siemens Gamesa, segundo informações de fontes confirmadas à Mover pelas empresas.
O problema no equipamento ocorreu após a Siemens Energy ter admitido, em 22 de junho, que enfrenta “substancial aumento no nível de falhas em componentes de turbinas eólicas” da Siemens Gamesa e que realizará uma longa avaliação técnica dos produtos da controlada.
“As causas do incidente, com danos apenas materiais, estão em criteriosa investigação técnica junto ao fornecedor. A área onde os aerogeradores são instalados é rigorosamente isolada, sem oferecer riscos às equipes de trabalho. Além disso, houve paralisação temporária de todos os equipamentos já operacionais para prevenção e avaliação”, disse a Engie, em nota à Mover.
Procurada, a Siemens Gamesa confirmou a quebra da pá em uma de suas turbinas na usina da Engie. “A Siemens Gamesa imediatamente iniciou uma investigação interna para determinar a causa raiz do incidente. Até que a análise esteja completa, não podemos especular sobe a causa “, informou a empresa europeia em nota enviada à Mover.
O parque Santo Agostinho tem investimentos estimados em R$2,3 bilhões, com total de 70 máquinas e 434 megawatts em capacidade. Ao divulgar resultados, em maio, a Engie projetava finalizar a implantação do projeto até o quarto trimestre.
Uma fonte próxima à indústria disse que ainda é cedo para entender o que houve, e que a falha pode ter se originado na própria pá ou na turbina da Siemens. Mas duas fontes relataram incidentes em outros projetos com máquinas da fabricante de controle alemão.
“Todo mundo que está instalando essas máquinas novas da Siemens Gamesa está tendo problemas”, disse à Mover uma das fontes, pontuando, no entanto, que a mais recente geração de turbinas eólicas, com equipamentos maiores e mais produtivos, também registra mais falhas em geral.
“Está acontecendo com todos, o problema é que com a Siemens Gamesa acontece com muito mais frequência”, disse a fonte, que atribuiu as falhas a uma “corrida” para aumentar o desempenho das máquinas nos últimos anos.
Há cerca de um mês, um equipamento também instalada pela Siemens Gamesa em parque eólico da AES Brasil no Ceará, a usina Santos, registrou problemas e precisou ser paralisada, disse uma segunda fonte. “Pegou fogo em uma turbina”.
Procurada, a AES Brasil confirmou o incidente e disse que “está em andamento uma análise de causa raiz”. A companhia acrescentou que a operação e manutenção dos aerogeradores é “respaldada pelo suporte técnico da Siemens Gamesa, o qual não tem sido impactado pelas declarações da referida companhia”.
Em 13 de março, a Siemens Gamesa anunciou a suspensão temporária da produção de turbinas eólicas em sua fábrica no Brasil, alegando que buscava “ajustar sua estrutura de produção”. A informação foi divulgada em primeira mão pela Mover.
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