Eletrobras demite centenas, mas adia cortes em áreas operacionais

Movimento ocorre após ministro pedir suspensão do PDV

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil

Por Luciano Costa

A Eletrobras (ELET3) desligou nesta quinta-feira (31) centenas de funcionários que aderiram a um Plano de Demissão Voluntária (PDV) lançado na sequência da privatização da companhia, mesmo após pedidos do Ministério de Minas e Energia para a suspensão do programa. A maior parte dos cortes que ocorreria em áreas operacionais, porém, acabou adiada, disseram três fontes à Mover.

A decisão de postergar as dispensas, no entanto, decorreu de análises internas da empresa, e não está relacionada ao ofício enviado ontem pelo ministro do MME, Alexandre Silveira (PSD), ao novo presidente da elétrica, Ivan Monteiro, solicitando a paralisação do PDV, disseram as fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade do assunto.

“Essa decisão de suspender não tem nada a ver com a solicitação do ministro de Minas e Energia, foi mais uma pressão do evento do apagão. Mais uma vez não deram atenção aos apelos do MME”, afirmou uma das fontes.

A Eletrobras recebeu cerca de 1,5 mil adesões ao PDV 2023, mas apenas cerca de 500 a 600 colaboradores que aderiram a esse plano foram demitidos hoje, “a maior parte de pessoal do setor administrativo”, disse uma segunda fonte. Os colaboradores desligados receberam os benefícios do PDV.

“De modo geral, houve a premissa de segurar a operação e o Centro de Serviços Compartilhados orientou as decisões”, explicou a fonte. Ao lançar o PDV, em 19 de junho, a Eletrobras informou que os desligamentos “ocorrerão a juízo e conveniência da companhia, haja visto o compromisso inarredável com a excelência, segurança das pessoas e das operações”.

“Tem essa análise área por área, olhando a continuidade das operações e substituições”, disse uma terceira fonte, projetando que a maior parte dos desligamentos adiados deve ficar para “a partir de janeiro de 2024”.

Em paralelo, a Eletrobras pretende responder ao ofício enviado ontem pelo ministro Silveira, que citou o blecaute de 15 de agosto e pediu explicações da elétrica sobre investimentos previstos na rede e sobre como o PDV poderia afetar ou não as operações da companhia.

Na resposta, a Eletrobras dirá que tem contratado novos funcionários e que o desempenho das instalações de transmissão da companhia no último ano “foi o melhor do histórico”, afirmou uma das fontes.

Procurada, a Eletrobras não respondeu aos pedidos de comentários da Mover até a publicação desta reportagem.

Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 19H08, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.