Por Luciano Costa
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), enviou documento ao novo presidente-executivo da Eletrobras (ELET3), Ivan Monteiro, reforçando pedido anterior da pasta para que a companhia suspenda o plano de demissões voluntárias em andamento, citando inclusive o apagão que atingiu quase todo o Brasil em 15 de agosto, disse uma fonte à Mover.
O posicionamento de Silveira reforça ofício enviado antes pelo secretário-executivo da pasta, Efraim Cruz, para o então CEO da maior elétrica da América Latina, Wilson Ferreira Jr., que renunciou ao cargo pouco depois.
Embora a Eletrobras tenha sido privatizada em junho de 2022, a União ainda detém cerca de 40% de participação da companhia, mas apenas 10% dos votos para decisões em assembleias. Esses termos estão na lei que permitiu a desestatização da companhia, aprovada no Congresso.
“Em que pese as preocupações levantadas por este ministério no referido ofício, até o presente momento não recebemos da Eletrobras o plano de ação para a manutenção da prestação do serviço adequado de energia elétrica nas suas diversas áreas de atuação, considerando o potencial impacto do quadro de trabalhadores que farão adesão ao PDV”, escreveu o ministro Silveira no documento, visto pela Mover.
“Sendo a União a maior acionista da empresa e o MME responsável por zelar pelo equilíbrio entre a oferta e demanda de energia elétrica no país é legítimo, racional e importante que esta pasta tenha acesso à tais informações para que possa avaliar como a Eletrobras, maior empresa do segmento em operação no Brasil, está se preparando para preservar a manutenção e operação de seus ativos, pois eles são primordiais para a confiabilidade do suprimento de energia elétrica”, acrescentou.
O movimento do ministro aproveita a comoção causada pelo blecaute de 15 de agosto, que chegou a derrubar quase 30% da carga no Brasil, para reforçar a pressão do governo sobre a Eletrobras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o chefe da pasta de Minas e Energia têm reiteradamente criticado a privatização da empresa e cobrado maior participação da União em suas decisões, o que é inclusive alvo de discussão em ação no Supremo Tribunal Federal.
No ofício à Eletrobras, Silveira destacou que “o evento originário, chamado de ‘evento zero’ que levou ao apagão ocorreu em ativos operados pela Chesf, subsidiária da Eletrobras”.
No dia do desligamento, o ministro disse a jornalistas que seria “leviano” associar o evento diretamente à privatização, mas reforçou que em seu entendimento “a privatização da Eletrobras fez mal ao sistema”.
Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 20H12, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.