Chegada do Nubank fez nosso modelo de negócio ser questionado, diz Setubal, do Itaú

Para controlador do Itaú, revolução tecnológica retirou vantagens dos bancões

Casa Lide/Divulgação
Casa Lide/Divulgação

Por: Bruno Andrade

A entrada de fintechs como o Nubank (ROXO34) no mercado fez o modelo de negócio de grandes bancos como o Itaú (ITUB4) ser questionado, disse o presidente do conselho de administração do maior banco privado do Brasil, Roberto Setubal, durante evento da Casa Lide nesta sexta-feira (27).

O banqueiro reconheceu que as mudanças tecnológicas provocam modificações em seu setor de atuação.

“O ranking dos bancos muda de acordo com a mudança na tecnologia, pois ela leva a mudança para os modelos de negócios. E quem não se adapta, acaba se atrapalhando. Por outro lado, essa mudança também gera novos players de negócio”, afirmou.

Durante a palestra, Setubal abordou questões sobre governança corporativa e foi justamente falando desse tema que ele fez a citação ao Nubank.

“O executivo que comanda a companhia não percebe que as coisas estão mudando. Então cabe ao conselho de administração alertar o CEO. Foi o que eu fiz. Eu falei que o nosso modelo de negócios, que teve sucesso durante 30 anos, está sendo questionado e nós precisamos mudar isso” comentou.

Ele reconheceu que a última revolução tecnológica facilitou a criação de novas empresas no setor justamente por “tirar as vantagens competitivas dos grandes bancos”.

“A primeira era a rede de agências, ninguém conseguia abrir banco sem ter agência. Isso com a tecnologia, como celulares, caiu por terra. Se você pegar alguns concorrentes hoje, existem alguns que não tem nem agência, como é o caso do Nubank”, comentou.

A segunda barreira explicada por ele era a definição do crédito. De acordo com Setubal, antes do avanço da tecnologia, era necessário conhecer o cliente presencialmente e muito bem para conceder crédito.

“Os dados de gastos no celular, na conta de luz, são ótimas formas de saber como você pode dar o crédito. Antes você não tinha isso”, explicou.

De olho na inovação no setor, a Itaúsa, holding controladora do Itaú, adquiriu participação na corretora XP, mas depois foi reduzindo a fatia na empresa, para atuais 2,7%.

O Nubank chegou a valer mais que o Itaú em sua estreia na Bolsa de Nova York (NYSE). O banco digital valia R$232,4 bilhões em sua estreia em 9 de dezembro de 2021, enquanto o Itaú valia R$211,9 bilhões na época.

Segundo dados da TC Economática, no fechamento de quinta-feira (26), era necessário 1,3 Nubank para atingir o valor de um Itaú. O roxinho valia R$184 bilhões, enquanto o bancão valia R$250 bilhões. A conversão do valor do Nubank foi realizada pela Economática em dólar Ptax.