São Paulo, 06/03/2024 – A Brava Energia reduziu o escopo de um plano de potenciais desinvestimentos, que agora contemplará apenas ativos na Bahia, segundo comunicado ao mercado na manhã desta quinta-feira.
A decisão da Brava, que havia colocado todos ativos de produção de petróleo e gás em terra e em águas rasas à venda no final de 2024, deve gerar reação marginalmente negativa do mercado, avaliou a XP, em nota. Por volta de 15h08, as ações ON da Brava recuavam 2,48%, a R$16,11. No acumulado do ano até aqui, o papel cai 31%, e registra um tombo de cerca de 40% em 12 meses.
“O escopo anunciado hoje efetivamente elimina o cenário alternativo de uma grande oferta por toda a operação onshore da Brava, que foi aventado em notícias nos últimos meses”, apontou o time da XP, em referência a informações na imprensa de que a empresa poderia buscar levantar até US$2 bilhões com vendas de ativos.
Na Bahia, a Brava opera hoje apenas o complexo onshore Recôncavo, formado por campos incluindo os principais de Água Grande e Candeias, e o campo de Manati, produtor de gás em águas rasas na Bacia de Camamu Almada. A Petrobras é a operadora de Manati, com 35% de participação.
POTIGUAR FICA
Com isso, a Brava deve manter a operação de seu principal ativo onshore, o Polo Potiguar, que tem produzido cerca de 25 mil barris por dia nos últimos trimestres. Para dar ideia da dimensão do ativo, a Brava produziu total de 51,7 mil bpd no terceiro trimestre de 2024, e 72 mil barris no primeitro trimestre passado.
Originalmente da Petrobras, o Polo Potiguar foi adquirido pela 3R Petroleum por US$1,2 bilhão, além de pagamentos contingentes posteriores. Depois, a 3R se juntaria à Enauta para dar origem à Brava Energia.
Segundo fontes, não houve apetite de compradores por Potiguar devido a seu grande porte– a Fluxus, braço de petróleo da J&F, dos irmãos Batista, chegou a avaliar, mas não avançou. A PetroReconcavo é vista como potencial interessada, pela sinergia com seus ativos, mas a companhia tem valor de mercado de R$4,9 bilhões, abaixo do que a 3R pagou por Potiguar.
A Genial estimou que, para fazer frente a uma eventual transação por Potiguar, a PetroReconcavo precisaria emitir novas ações para se capitalizar em até R$4 bilhões, com risco de diluição para acionistas minoritários, e em momento em que o mercado parece reticente em apoiar movimentos mais ousados de crescimento, diante dos juros elevados.
A Brava disse, sobre os ativos ainda à venda, que permanece “em tratativas e em fase de diligência” com interessados, “com expectativa de recebimento de propostas vinculantes ao longo do mês de abril”.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)