Ambev prevê aumento de custos no Brasil em 2023, com inflação e commodities

Por Gustavo Boldrini

A Ambev prevê um aumento de 6% a 9,9% no custo dos produtos vendidos para seu negócio de cervejas no Brasil em 2023, refletindo perspectiva de avanço dos índices inflacionários e do preço de algumas commodities, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira.

A projeção vem com a tendência dos últimos relatíorios Focus, do Banco Central, que têm registrado avanços na estimativa para o crescimento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) por 11 semanas consecutivas. Na última versão do boletim, os agentes de mercado previram um avanço de 5,9% no IPCA neste ano.

De acordo com a Ambev, a projeção de CPV para seu negócio cervejeiro no Brasil exclui do cálculo os produtos que não são produzidos por ela, mas vendidos em suas plataformas de marketplace Zé Delivery e BEES.

Em balanço também divulgado hoje, a maior cervejaria do mundo reportou lucro líquido ajustado de R$5,30 bilhões no quarto trimestre de 2022, alta de 36,4% na base anual, com impacto positivo de uma menor alíquota efetiva de impostos.

O lucro operacional da companhia aferido pelo EBITDA ajustado atingiu R$7,11 bilhões entre outubro e dezembro, ficando praticamente em linha com o consenso das projeções de analistas colhidas pela Mover, de R$7,15 bilhões. O indicador avançou 4,8% ano a ano no conceito “reportado”, que inclui todas as operações, e 27,4% no conceito “orgânico”, que exclui produtos não-Ambev vendidos em marketplace.

O EBITDA ajustado da companhia cresceu 17,1% no acumulado de 2022 ante 2021, mesmo com “ventos contrários” do preço das commodities e da pressão inflacionária nos mercados onde a Ambev atua. O crescimento foi puxado pelos crescimentos respectivos de 12,3% e 41,5% no lucro operacional dos negócios de cerveja e de bebidas não-alcoólicas no Brasil. Para 2023, a companhia disse que vai trabalhar para “entregar crescimento do EBITDA ajustado consolidado à frente do crescimento de 2022”.