Aquisição acelera expansão da Compass

Cosan e Copel saltam na B3 após negócio por Compagas bem recebido por analistas

Cosan e Copel saltam na B3 após negócio por Compagas bem recebido por analistas

São Paulo, 11/07/2024 – As ações do grupo de infraestrutura Cosan subiam nesta quinta-feira, após a controlada Compass anunciar acordo para compra do controle da concessionária de gás Compagas junto à Copel, que também tinha papéis impulsionados na bolsa pelo negócio, bem recebido por analistas.

Por volta de 11h25, Cosan ON avançava 2,07%, e Copel PNB tinha ganhos de 1,50%, ambas entre os destaques de alta do Índice Bovespa, que operava com alta de 0,45% no mesmo momento.

A Compass, unidade da Cosan que controla a Comgás e outros ativos de gás natural, e que ainda não é listada em bolsa, divulgou ontem acordo de R$906 milhões para ficar com a fatia de 51% da Copel na Compagas, responsável pela distribuição de gás no Paraná.

“Com a aquisição, a Compass controlará quatro empresas de distribuição de gás no centro-sul– as outra sendo Comgás, Sulgás e Necta. Replicar o modelo da Comgás nessas outras concessões pode ser um importante ´driver´ de crescimento”, escreveram analistas do UBS-BB, liderados por Luiz Carvalho, que reiteraram recomendação de ´compra´ para os papéis da Cosan, controlada pelo empresário Rubens Ometto.

A transação também é positiva para a Copel, que foi privatizada recentemente, ao mostrar que a empresa pode avançar em seu plano de desinvestimentos com operações em termos atrativos, disse a equipe do Itaú BBA, comandada por Marcelo Sá. Os recursos obtidos também podem permitir à elétrica ampliar dividendos aos acionistas, na visão do banco.

O BTG Patual estimou que o dividendo da Copel pode aumentar de R$880 milhões para R$1,1 bilhão no total deste ano depois da transação, levando o rendimento (yield) ao investidor com proventos em 2024 de 3% para 3,7%, pi at[e 4,5% se a empresa optar por distribuir todo o ganho de capital obtido.

´VALUATION´

“Nosso modelo incorporava ´equity value´ implícito de R$778 milhões, ou 1,4x EV/RAB (relação entre valor da companhia e base de ativos), pela fatia da Copel na Compagás. Pelos termos finais publicados pela empresa, o acordo foi por múltiplo implícito de 2,2x EV/RAB, acima de nossa previsão e bem melhor que recentes operações de fusões e aquisições no setor de distribuição de gás”, escreveu o Itaú BBA BBA.

Nas contas do UBS-BB, a operação foi por múltiplo EV/EBITDA 2023 de 10x para a Compagas, abaixo dos 12-13x EV/EBITDA que a Cosan pagou pela Sulgás, do Rio Grande do Sul, privatizada no fim de 2021. Já a venda da Gaspetro, com fatias em geral minoritárias em ativos de gás, foi por múltiplo de 7x.

A Compass já possuía indiretamente uma fatia minoritária na Compagas por meio da Commit, sociedade com a Mitsui, que tem 24,5% do ativo. Outros 24,5% são controlados diretamente pela Mitsui, e o restante era da Copel. A concessionária atende 53 mil cleintes, distribuindo em média 2,1 miçhões de m³/dia em gás.

COMPASS E IPO

A Cosan chegou a avaliar uma oferta inicial de ações da Compass em 2020, mas adiou o IPO devido à ´deterioração do mercado´ na época, e acabou atraindo a gestora Atmos como parceira estratégica, com 4,32%, em uma operação privada, negociada na época por R$810 milhões.

Mais recentemente, o possível IPO voltou ao radar, no ano passado, mas as condições ainda difíceis do mercado financeiro brasileiro travaram a transação, devido à competição com investimentos em renda fixa a juros elevados. Em eventos, executivos da Cosan reiteraram a possibilidade de abertura de capital de subsidiárias, mas não deram sinais de quando isso poderá ocorrer.

Ontem, a Cosan contratou bancos para estruturar um potencial IPO da Moove, de lubrificantes, mas que seria realizado na bolsa americana.