3R (RRRP3) mantém otimismo com Papa Terra, visto pela Petrobras (PETR4) como "encrenca"

Confira bastidores do negócio apurados pela Scoop by Mover

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Por Luciano Costa

A 3R Petroleum (RRRP3) segue otimista com o Polo Papa Terra, adquirido da Petrobras (PETR4), e os trabalhos no ativo avançam como previsto, com expectativa de estabilização da produção a partir do próximo ano, apesar de alguns contratempos iniciais, que já estavam mapeados, disseram duas fontes à Mover.

O ativo em águas profundas, a 1,2 mil metros, na Bacia de Campos, na costa fluminense, é visto por sua ex-operadora como “um dos campos mais difíceis do Brasil”, de acordo com técnicos que trabalharam no campo e que falaram à Mover sob condição de anonimato.

Desde que assumiu as operações, no final de dezembro, a 3R enfrentou duas paralisações de produção, em fevereiro e maio, que duraram dias, elevando custos de extração da empresa.

Esses contratempos, no entanto, estavam de certa forma no radar, uma vez que Papa Terra vinha operando sem diversos sistemas de redundância. “O ano de 2023 é de ajustes de operação, para reativar e restaurar as redundâncias necessárias”, disse uma fonte envolvida nas operações.

A 3R continua “muito otimista” quanto ao desenvolvimento de Papa Terra, principalmente em 2024 e 2025. “Após os sistemas de redundância serem aplicados, a produção deve ficar estável e dentro do esperado pela companhia”, disse a fonte.

Descoberto em 2003, Papa Terra produziu o primeiro óleo em 2013 e o ápice de produção em 2014, acima de 30 mil barris de óleo equivalente/dia. Em 2019, o número já havia caído para 17 mil boed, embora a plataforma, ali alocada, tenha capacidade para 140 mil barris diários. O ativo era operado pela Petrobras em conjunto com a americana Chevron, que depois vendeu sua fatia para a canadense MTI Energy.

“É um campo dificílimo, que a Petrobras e a Chevron entenderam que era inadequado para elas e, portanto, resolveram passar para outras empresas”, disse à Mover uma das fontes que trabalhou no passado com o campo. “É uma estrutura cara, para um campo difícil. Ele tem uma permeabilidade muito boa, características de rocha muito boas, mas pouca produção. Então, assim… achamos que era uma encrenca. Precisa saber se a 3R está apta a enfrentar.”

“É de fato um ativo complicado, com pouco retorno de óleo frente ao reservatório que tem”, disse um técnico da Petrobras, que também falou sob anonimato.

‘VISÃO DE EX’

Essas opiniões sobre a complexidade de Papa Terra, no entanto, são uma visão dos antigos operadores, que tiveram histórico de problemas no desenvolvimento do polo e gastaram muito mais que o previsto, comprometendo retornos, avaliou uma das fontes que atua hoje próxima ao ativo.

O superdimensionamento da plataforma que opera no local, por exemplo, acabou na prática como um “custo afundado” das antigas donas do campo, e a 3R assumiu as operações em condições financeiras muito atraentes, avaliou uma das fontes.

Em operação fechada em meio à pandemia, em julho de 2021, a 3R não teve concorrentes e conseguiu levar a fatia da Petrobras no ativo com múltiplo de valor da firma/reservas abaixo de US$1 por barril, ante de US$9 a US$12 na média do setor.

“O ativo foi muito bem comprado”, disse a fonte, que vê “grande potencial” para aumento futuro da produção. Além disso, parte do pagamento pelo negócio se dará até 2032, em prestações atreladas aos preços do petróleo e à média de produção, o que alivia riscos.

Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 11H58, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.