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🛢️ Com queda no petróleo, UBS e BTG avaliam quais ações resistem melhor à 'ressaca' do Brent; confira

Plataforma de Petróleo na Baia de Guanabara
Plataforma de Petróleo na Baia de Guanabara

Por: Luciano Costa

São Paulo, 11/09/2024 – Com as recentes quedas do preço do petróleo Brent, recuando para abaixo dos US$70 por barril, analistas do UBS-BB e do BTG Pactual fizeram cálculos para avaliar a resiliência de ações do setor a um eventual cenário de forte queda da commodity.

Em relatório sobre possível “ressaca” no petróleo, que recua 11% neste início de mês, a equipe do UBS-BB, liderada por Luiz Carvalho, concluiu que Petrobras e PRIO seriam os melhores nomes para navegar um ambiente mais desafiador que ameaça se desenhar no setor, mesma conclusão do time do BTG, chefiado por Pedro Soares.

“As duas companhias apresentam custo de extração e níveis de breakeven baixos, e ainda estimaríamos um yield de fluxo de caixa livre (FCFy) de 10% (para PRIO) e 14% (Petrobras) mesmo com Brent a US$50 barril”, escreveu o time do UBS-BB. O BTG vê ambas “continuando a gerar fortes fluxos de caixa e dividendos”.

De outro lado, a Brava Energia, ex-3R Petroleum, teria yield de fluxo de caixa livre zerado nesse ambiente de preço baixo, segundo o UBS-BB, pior projeção da cobertura. A cada mudança de US$10 por barril no valor do Brent, o impacto sobre o FCFy anual da Brava seria de 11%, maior do setor, enquanto Petrobras e PRIO seriam afetadas em 3%, de acordo com o banco.

“A Brava teria dificuldade em gerar caixa, mesmo a preços ligeiramente menores que o atual nível”, concordou o BTG, citando custos de produção elevados da empresa e ativos que ainda exigem investimentos para sustentar crescimento da produção.

No caso da PetroReconcavo, as visões são distintas, com o BTG avaliando que mesmo com baixa do Brent ela teria “desempenho razoavelmente bom, dada a maior exposição a contratos de gás, que reduz a sensibilidade aos preços do petróleo”.

O time do UBS-BB, por outro lado, entende que a PetroReconcavo poderia ter prejuízo líquido num cenário de Brent a US$50, que ainda levaria o FCFy a apenas 0,9%. Em avaliação considerando o múltiplo EV/EBITDA, consideram que Petroreconcavo seria a mais ´cara´ se o petróleo despencar para US$50, com relação de 8,6x, enquanto PRIO seria a mais ´barata´, com EV/EBTIDA 2025E de 4,7x, contra 5x da Petrobras e 5,1x da Brava.

PREÇO DO PETRÓLEO

O petróleo Brent, referência internacional, desabou nos últimos dias por preocupações com a demanda na China e nos EUA, e fechou ontem no menor nível desde o final de 2021, abaixo de US$70, bem longe dos picos acima de US$100 por barril vistos em 2022, com a guerra na Ucrânia.

Em relatório nesta semana, o Goldman Sachs manteve previsão de Brent entre US$70 e US$85/barril neste ano, mas disse ver riscos baixistas para a previsão, e citou cenário em que cotações poderiam cair a US$60, em caso de continuidade de fraqueza na demanda da China e impactos de possíveis tarifas dos EUA sobre a economia do país asiático. Se houvesse recessão moderada, o petróleo poderia ir a US$50/bbl.

De outro lado, a Agência de Informações de Energia (EIA), do governo americano, projetou ontem que a prorrogação de cortes de produção da Opep+ deve ajudar a manter o petróleo acima dos US$80/bbl no quarto trimestre, e em média a US$85 em 2025, em uma visão mais altista que a média do mercado.

(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)