Por Simone Kafruni
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calculou a defasagem do preço da gasolina praticado pela Petrobras em 20% em relação ao Preço de Paridade Internacional (PPI) nesta segunda-feira (24), e a do diesel em 16%, ante níveis de 18% e 14%, respectivamente, em 21 de julho.
De acordo com o presidente executivo da Abicom, Sérgio Araújo, os dados mostram uma defasagem média bastante elevada. “A expectativa seria de um aumento nos combustíveis, mas, desde que a Petrobras anunciou a nova política de preço, desvinculada do PPI, não dá para dizer se vai ter reajuste”, destacou.
Segundo ele, a nova política de preços inclui, na composição, variáveis que não são facilmente mensuráveis. “O PPI calcula preço no mercado, mais frete e logística, mais câmbio. Já a nova política incluiu variáveis como custo de refino, custo de oportunidade dos clientes e custo de combustíveis alternativos”, pontuou.
Diante dessa defasagem, os importadores esperam que a Petrobras (PETR4) pratique esses preços apenas sobre os produtos de suas refinarias. “A expectativa é de que a Petrobras mantenha os preços abrasileirados, mas que não participe das importações, deixando que os importadores ocupem esse espaço com preço de mercado”, disse.
O Brasil precisa importar entre 25% e 30% de diesel e 10% de gasolina para atender o mercado interno. “A manutenção dessa defasagem muito elevada, caso a Petrobras não saia da importação dos derivados, vai afastar os importadores e potencializar o risco de desabastecimento”, alertou.
Apesar de considerar que a nova política de preços tira a previsibilidade em relação à paridade de importação, Araújo assinalou que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não deve repetir a prática de vender os produtos importados abaixo do preço de importação. “Isso pode provocar judicialização dos acionistas minoritários. Além disso, a Petrobras precisa gerar caixa para seu programa de investimentos.”
Na semana passada, Prates disse a jornalistas, em coletiva de imprensa, que a nova política da Petrobras cumpriu missão dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de ‘abrasileirar’ os preços dos combustíveis, estabilizando o mercado. Ele garantiu ainda que a companhia não perdeu dinheiro com as mudanças.