Brasília, 19/3/2025 – O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros, Selic, em 100 pontos-base na noite desta quarta-feira, a 14,25%, de forma unânime e sem surpresas, projetando ajuste de menor magnitude em maio e passando a citar sinais iniciais de desaceleração da economia.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, escreveu.
No comunicado que se seguiu à decisão, o Copom também afirmou que para além de maio, a magnitude total do ciclo de aperto será ditada pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”.
“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”, explicou.
DESACELERAÇÃO
De acordo com o Copom, embora o conjunto de indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho apresentem dinamismo, sinais têm sugerido uma “incipiente moderação” no crescimento. O comitê lembrou, porém, que a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta, apresentando elevação nas divulgações mais recentes.
O Copom não alterou estrutura frasal ao descrever o quadro fiscal. De acordo com o colegiado, a “percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes.”
O Copom também não realizou mudanças ao descrever seu balanço de riscos, pontuando persistir uma “assimetria altista”, e descrevendo os mesmoes riscos altistas e baixistas ante janeiro, ao contrário do que parte dos investidores esperava no comunicado desta noite.
Alguns operadores projetavam uma potencial reinserção dos impactos de uma desaceleração da atividade global entre os riscos baixistas aos preços no balanço.
PROJEÇÕES
O Copom também reduziu projeção para a inflação ao consumidor ao fim deste ano, a 5,1%, ante 5,2% estimados anteriormente. Para o terceiro trimestre de 2026 – horizonte relevante – o colegiado também reduziu a projeção de inflação, a 3,9%, ante 4,0%.
Já as estimativas da inflação de preços administrados para 2025 recuaram significativamente, a 4,3%, ante 5,2% estimados. Para o terceiro trimestre de 2026, recuou a 4,2%, ante 4,6% estimados.
EXTERIOR
Ao descrever o cenário externo, o Copom passou a citar, diretamente, incertezas derivadas da “política comercial e seus efeitos” nos Estados Unidos, trecho este não presente na decisão de janeiro. “O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, complementou.
(GP | Edição: Equipe Mover | Comentários: equipemover@tc.com.br)