Avalia atrair parceiros em Logística, Energia

Proteção contra importações de aço da China é mais importante que tarifas dos EUA, diz CSN

Proteção contra importações de aço da China é mais importante que tarifas dos EUA, diz CSN

São Paulo, 13/03/2025 – Apesar do ruído gerado na imprensa e nos mercados pelas tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump sobre importações de aço dos Estados Unidos, a concorrência com produtos chineses mais baratos permanece como pricnipal desafio do setor siderúrgico brasileiro, avaliaram hoje executivos da CSN.

A Companhia Siderúrgica Nacional avalia que a elevação de tarifas de importações e estabelecidmento de cotas de importação para alguns produtos de aço pelo governo Lula, em 2024, não tem trazido resultados efetivos como muitos esperavam.

“A dinâmica de defesa comercial hoje passa por dois pilares, as medidas do Trump e China. Mas, na verdade, hoje muito mais importante para nós na CSN é que o governo efetive medidas contra importação da China. A questão dos EUA passa a ser secundária perto do que pode acontecer no mercado diante desse desequilíbrio”, disse o diretor comercial Luis Martinez, em teleconferência de resultados.

“Nos últimos oito, nove meses, houve várias reuniões com o vice-presidente Alckmin, com o Ministério de Indústria, Desenvolvimento, Comércio (MDIC). Do ponto de vista prático, foi totalmente inócuo o que foi feito para resolver o problema de competitividade do aço brasileiro”, acrescentou ele, mais cedo, afirmando não se tratar de “protecionismo”.

“Não existe aqui no Brasil condições de sobreviver com essas importações na ordem de 25%, E que pode até aumentar”, lamentou, acrescentando que ontem houve uma sinalização negativa, com o governo negando impor antidumping sobre laminados a frio. “Isso é muito preocupante”.

Nesta semana, o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, disse esperar que o governo brasileiro adote novas medidas contra importações de aço chinês. Ele falou a jornalistas após evento com participação de Alckmin, que falou em “primorar ainda mais essa recomposição tarifária” da siderurgia.

DESALAVANCAR
Apesar das queixas sobre a competição com o aço chinês, a CSN reportou resultado operacional melhor que esperado pelo mercado, com EBITDA de R$3,35 bilhões, ante projeção de R$2,8 bilhões do Itaú BBA, com analistas destacando resultado positivo da unidade de mineração do grupo, principalmente. O destaque negativo ficou por conta do aumento da alavancagem, para 3,49x, enquanto mercado cobrava redução.

“Aprovamos não pagar dividendos no primeiro semestre, por disciplina financeira”, disse o diretor financeiro, Marco Rabello. Ele disse que a alavancagem seria menor, mais próxima de 3,2x, se não fossem impactos da variação cambial sobre a dívida, e sinalizou que projeções internas apontam que será possível encerrar o ano com o indicador abaixo de 3x.

Ele também disse que, para acelerar a desalavancagem, a CSN avalia vender uma participação em seus negócios de ativos logísticos e de infraestrutura, de energia e de cimento, sendo que para o último não é descartado um IPO, quando o mercado melhorar.

A CS Infraestrutura tem potencial de ser um dos dois maiores segmentos geradores de valor para o grupo, e a transação é considerada prioritária, enquanto em energia a CSN está ajustando a estrutura de dívidas da subsidiária antes de seguir com operação de venda de participação minoritária, ainda este ano, disseram executivos na teleconferência. ”

Na área de siderurgia, a CSN não descarta atrair parceiros minoritários para alguns projetos determinados.