Brasília, 14/3/2025 – Os investidores europeus possuem uma visão de “otimismo cauteloso” em torno do Brasil, em meio a valuations vistos como “atrativos”, embora lidem com frustrações em torno dos mercados locais nos últimos anos, reportou o analista de financials do BTG Pactual Eduardo Rosman, que visitou recentemente clientes e investidores em quatro diferentes países do Velho Continente.
De acordo com Rosman, muitos investidores consultados sinalizaram que o Brasil passou a adquirir um perfil mais para trades ante alocação de “buy and hold” no momento. Em suas conversas, Rosman relatou que assuntos políticos dominaram as discussões com clientes e investidores, diante de “numerosos questionamentos” sobre o que o governo pode fazer para melhorar a economia, na esteira dos sinais adicionais de desaceleração da atividade entre o fim de 2024 e início de 2025.
Rosman também observou que investidores europeus questionaram-o sobre o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode fazer para melhorar sua popularidade – em declínio, de acordo com as últimas pesquisas. “Há um crescente otimismo em torno de um desfecho positivo nas eleições do ano que vem, embora operar nessa direção, agora, parece difícil, dado que ainda estamos a 18 meses (do pleito)”, avaliou o analista.
AÇÕES
Em bancos, Rosman constatou que Itaú, BTG e Banco do Brasil são as instituições financeiras em que europeus estão mais posicionados, embora também tenha visto “um interesse maior” em discutir Bradesco.
“Assim como o Itaú entre os tradicionais, o BTG se tornou o banco ‘premium’ entre os não tradicionais, com seu modelo de partnership sendo mencionado com mais frequência como uma vantagem competitiva.”
Muitos europeus também entendem que B3 deveria operar a múltiplos maiores em razão de sua diversificação crescente e menor exposição a ações mais cíclicas, reportou Rosman. Já a visão para os papéis de XP melhorou “na margem”.
Nubank foi a companhia alvo de maior discussão. “De forma geral, o sentimento foi um pouco mais negativo na margem, com a desaceleração em 2025 tornando-se um consenso, desencadeando revisões baixistas.”
Também segundo ele, alguns investidores mostraram-se “mais construtivos” com Inter, diante do valuation da companhia, embora a demanda para discussão sobre o banco não tenha sido alta.
AMÉRICA LATINA
Na visão de Rosman, o sentimento para a América Latina, de forma geral, foi positivo – em meio a uma conjuntura de dólar enfraquecido e performance melhor que esperada para a China. “A região tem tido performance acima da média neste ano, o que naturalmente ajuda a obter mais atenção.”
“A região também está próxima de um ciclo de eleições grande em 2025-26, com o pêndulo político potenciamente oscilando em direção a governos mais amigáveis aos mercado”, complementou o analista, destacando Chile e Colômbia – mercados latino-americanos com melhor performance até o momento no ano.