A Brava Energia, fruto da incorporação da Enauta pela 3R Petroleum, começa as operações com foco no atendimento às últimas demandas para início das operações do FPSO Atlanta e nos ativos já em carteira, que têm diversos gatilhos de valor a serem destravados, disse nesta quinta-feira, em entrevista à Mover, o CEO da companhia, Décio Oddone.
No anúncio da combinação de negócios, foi divulgada expectativa de captura de US$1,5 bilhão com sinergias, e a maior parte desse valor virá em um horizonte de um ano, de acordo com o diretor-presidente da companhia, que falou após cerimônia na B3 para marcar a mudança de “ticker” de operação das ações, para “BRAV3”.
“Já começamos a capturar as primeiras sinergias. Estamos entendendo o que temos, é um portfólio diversificado, balanceado. Onde estão as melhores oportunidades desse portfólio? O que podemos fazer melhor? E o que de repente outros podem fazer melhor que nós? Fazer gestão de portfólio”, afirmou Oddone, apontando que pode haver reciclagem de ativos.
Enquanto isso, a empresa corre para atender às demandas da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em busca da licença final da reguladora para operação do FPSO Atlanta, que é “iminente”, segundo o CEO, que não vê problemas para obtenção de licença de operação do Ibama, com todos documentos já entregues ao órgão ambiental.
“Estamos avançando bem na campanha de instalação do novo FPSO, ele está lá, preparado, já com dois poços conectados, e estamos trabalhando na conexão do terceiro, vão ser seis. Esperamos estar concluído no primeiro trimestre do ano que vem”, detalhou Oddone sobre o projeto Atlanta, que terá capacidade de extração de até 50 mil barris por dia.
“Vai ser bem competitivo do ponto de vista de custo. Vai ser bem baixo, bem competitivo”, disse Oddone à Mover, sem antecipar números.
“TRIGGERS”
Fora Atlanta, os outros “gatilhos” para a Brava serão investimentos nos ativos offshore de Papa Terra e onshore Polo Potiguar. “O potencial da companhia é muito grande”, afirmou o CEO.
“Estamos agora focando no operacional, que é onde vamos extrair valor. Não quero dizer que se passar uma oportunidade imperdível não vamos olhar, mas não estamos ativamente atrás. O foco agora é entregar resultado orgânico”, disse Oddone.
Ele também revelou que a estratégia será entender o que cada ativo pode entregar, e configurar as operações para extrair o maior valor possível das operações. “Nosso jogo não é curva de produção de volume, é de rentabilidade. Vamos priorizar os investimentos mais rentáveis, e não o volume de produção.”
RECONHECIMENTO DO MERCADO
Embora analistas de bancos de investimento mostrem otimismo quanto ao potencial da Brava desde o primeiro anúncio sobre a transação entre 3R e Enauta, as ações caem 23% desde a assinatura da operação, em 17 de maio, com os papéis pressionados em parte pela falta de acordo que trave a venda de papéis pelos principais acionistas. Como muitos dos investidores da empresa têm participação pequena e perfil financeiro, há temores no mercado de que possam querer realizar lucros em breve.
Questionado sobre a reação das ações à transação, Oddone disse que está focado no operacional e em entregas para mostrar a geração de valor da companhia. “Acho que tudo é muito novo. Temos aí alguns ´triggers´ de valor para sair. Vamos focar em fortalecer gestão, produzir resultados, capturar sinergias que temos para capturar, e com isso vamos ter o reconhecimento do mercado”.