Games "sobem de fase" e se aliam ao mercado de trabalho com jovens

30- | Setor movimenta mais de US$ 2 bi no Brasil e reúne oportunidades

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Por Erick Matheus Nery*

Quem olha para o universo dos games como um mero passatempo e “perda de tempo” dos jovens está COMPLETAMENTE errado. Só no Brasil, as estimativas apontam que esse mercado movimenta mais de US$2 bilhões por ano e pode ser uma ótima oportunidade para quem deseja dar seus primeiros passos profissionais.

Agora, trabalhar com games é “só jogar?”. Cada vez mais, os atletas de e-sports (jogos eletrônicos) ganham destaque, reconhecimento e convertem essa prática em uma carreira profissional. Enquanto isso, nos bastidores, existe um mar aberto de possibilidades para quem está dando seus primeiros passos no trabalho.

Em conversa com à 30-, o presidente da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames), Rodrigo Terra, explica que existe uma visão equivocada de que só desenvolvedores são necessários nessa indústria. 

“Também precisamos de mais desenvolvedores, mas temos que lembrar que os games são uma cadeia complexa e que não se limita a esses profissionais. Temos uma outra cadeia muito sinérgica ao mercado de animação e TV, com roteiristas, designers, animadores, analistas de testes, entre outros”, comenta.

Segundo o especialista, cursos profissionalizantes e universitários para o setor de games existem há mais de uma década no Brasil. Porém, eles ainda não ganharam escala e a maioria dessas formações estão em instituições privadas, o que acaba restringindo esse acesso.

Agora, se você se interessa por esse universo, existe a possibilidade de se qualificar gratuitamente e pela internet. O Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo da Cidade de São Paulo (Cate-SP) conta com cursos de animação 2D, desenvolvimento de games, design de games, entre outros.

“Na parceria com a SAGA [rede de escolas de arte, design e games], 10 mil pessoas se qualificaram em programação, desenvolvimento de jogos e 2D”, diz Armando Jr., secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo. .

De acordo com o secretário-adjunto, jovens que vivem em comunidades paulistanas foram os principais alunos desses cursos nos últimos meses. Cursos que seguem abertos e disponíveis para todos no site do Cate.

Na cidade de SP, a Prefeitura conta com outras iniciativas que também ajudam os jovens que querem seguir carreira no mundo dos games, como orientações para a abertura de MEI e programas específicos de incubação de negócios deste segmento.

SP no centro do mundo dos games

De acordo com os dados da Abragames, praticamente metade do faturamento bilionário dos jogos eletrônicos no Brasil está concentrado no Estado de São Paulo – além dos eventos destinados aos gamers, a cifra é fortemente movimentada pelos estúdios que atendem demandas internacionais e nacionais.

“Grandes estúdios internacionais contratam produtoras brasileiras para serviços de testes ou design. Contudo, a maioria das empresas nacionais trabalha com conteúdo original, principalmente para o mercado externo e o mercado interno na parte da educação”, ressalta Terra.

Por isso, tanto o Governo do Estado como a Prefeitura estão de olho neste segmento valioso para a economia paulista. Marilia Marton, secretária de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, conta para a coluna que a atual gestão tem como um dos seus focos a cultura pop, onde os games estão incluídos.

“É uma nova cultura que é extremamente contemporânea e que, na verdade, ficou esquecida durante algum tempo pelos governos, do ponto de vista institucional. Começamos a olhar esse escopo não só como divulgação da nossa cultura, como também um lugar de disponibilizar oportunidades para esse jovem que já não se reconhece no mercado de trabalho tradicional”, destaca Marton.

Prova desse interesse do Governo pelo mundo dos games é que R$18 milhões dos recursos da Lei Paulo Gustavo serão destinados a essa indústria no Estado. 

Enquanto isso, na Prefeitura, a Spcine também focaliza o setor por meio da sua incubadora. Viviane Ferreira, diretora-presidente da empresa municipal dedicada ao setor audiovisual, adianta que novos editais para o setor serão lançados, como um específico para a fase de conceituação dos jogos.

“Outra ação é o programa de playtest, que será lançado neste ano tanto na lógica de formação como também no diálogo com o público, os consumidores. A partir daí, conseguimos expor os jogos criados dentro da incubadora e por parceiros para entender a recepção do mercado a esses desenvolvimentos”, pontua Ferreira.

Em síntese, mais um mercado está de portas-abertas para os 30-. Se você se interessa por ele, não deixe a oportunidade passar!

*As opiniões dos colunistas do FLJ não refletem a posição do veículo.

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30- é uma coluna quinzenal do FLJ, assinada por Erick Matheus Nery e que conta com conteúdos voltados para jovens profissionais em início de carreira.