Contam fatores como voto evangélico

Gestora Mar Asset vê cenário desafiador para Lula em 2026, com 'teto' de 45% dos votos em 2º turno

Reuters News Brasil
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São Paulo, 26/8/2025 – A Mar Asset, gestora com estratégia macro e de stock picking, afirmou ver “desafios significativos” para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma eventual reeleição em 2026, avaliando que repetir o desempenho eleitoral de 2022 será uma tarefa “bastante difícil” para o petista, que teria um “teto” de 45% dos votos válidos em disputa no segundo turno.

No Nordeste, região historicamente favorável ao PT, o apoio ao presidente parece já ter atingido seu limite, com um padrão de votação próximo a 70% a favor do partido. No entanto, esse sólido piso de votos está sendo erodido pela crescente influência de eleitores evangélicos, um grupo que tem se mostrado menos alinhado à esquerda, destacou a gestora em carta a cotistas.

Além disso, a popularidade de Lula está em queda entre os chamados “swing voters” — eleitores que não possuem fidelidade partidária fixa e são decisivos em eleições, como em 2018 em 2022.

Na última eleição, por exemplo, a Mar Asset destacou que os “swing voters” se concentraram no Sudeste, especialmente em São Paulo, com a população não evangélica e de renda alta migrando do ex-presidente Jair Bolsonaro para o então candidato Lula.

Agora, porém, a situação aparenta ser diferente. A Mar Asset vê o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como “aposta natural” para reverter a má performance de Bolsonaro no Estado.

“Para Lula repetir sua votação de 2022, ele teria que enfrentar um candidato com alto nível de rejeição, o que também não é o caso dos outros governadores de centro direita”, complementou a gestora.

A Mar Asset tem equipe formada por Bruno Coutinho, CEO e gestor macro, ex-BTG Pactual, Philippe Perdigão, gestor micro, com passagem pelo Opportunity, e Luis Moura, sócio-investidor com experiência no BTG Pactual, Citibank e na fundação da 3G Capital.

PROJEÇÕES
A Mar Asset projeta que, em um eventual segundo turno em 2026, Lula poderia obter entre 38% e 45% dos votos válidos, com base em estudos levando em consideração avaliações a respeito do governo.

Outro ponto destacado pela gestora é a tendência de um Congresso Nacional ainda mais à direita em 2026, o que pode intensificar os desafios para a governabilidade, especialmente em caso de reeleição de Lula ou de outro candidato de esquerda.

PORTFÓLIO
Em termos de recomendações de investimentos, apesar das incertezas políticas, a Mar Asset sugere manter exposição ao Brasil, mesmo a mais de um ano das eleições, devido à confiança em um possível alinhamento estrutural político-econômico no longo prazo, constituindo uma união “inédita” nos últimos 30 anos.

No material, a gestora ainda defende que dinâmica atual entre os três poderes no Brasil “não é natural ou saudável”, o que pode influenciar o ambiente político nos próximos anos, aumentando instabilidade e conflitos institucionais.