São Paulo, 07/02/2024 – A fabricante de pás de energia eólica Aeris está pedindo uma nova prorrogação de prazo para quitar obrigações com investidores em debêntures da companhia, em meio a um cenário desafiador em seu setor de atuação.
A empresa, controlada pela família Negrão, agendou assembleias de debenturistas para 28 de fevereiro para discutir a proposta, segundo documentos divulgados nesta sexta-feira. A negociação incluiria cláusula para resgate antecipado e amortização extraordinária em caso de venda do controle.
Se houver venda do controle até o final de 2025, não haveria necessidade de pagamento de prêmio aos debenturistas, enquanto eventual operação após esse prazo estará sujeita a prêmio, a ser discutido na assembleia.
O mecanismo deve ser incluído nas debêntures em meio a notícias de que a chinesa Sinoma fez uma oferta pela aquisição da Aeris que foi rejeitada pela família Negrão.
O movimento da Aeris ocorre diante de forte desaceleração no mercado de energia eólica que levou ao fechamento de fábricas no Brasil, incluindo de GE e Siemens Gamesa. O cenário pressionou a carteira de clientes e pedidos da Aeris, que enfrenta também alto endividamento, com alavancagem em 3,3x.
O último balanço da Aeris mostra R$813,5 milhões de dívidas a vencer em 2025 e R$611 milhões em 2026. Os números também mostram redução de 13% nas receitas ano a ano no terceiro trimestre, com a queda de demanda, e o menor EBITDA LTM desde 2019.
A Aeris está propondo novo adiamento, por mais até 60 dias, de prazos para amortização e pagamento de juros das debêntures da primeira emissão, além de prorrogação do vencimento dos títulos, de 2026 para 2030, além de mudanças nos juros e cronogramas de amortização e pagamentos.
As ações da Aeris despencam quase 63% nos últimos 12 meses. No acumulado deste ano, operam perto da estabilidade.
Em 2024, a crescimento de grandes usinas solares no Brasil ultrapassou o ritmo de expansão dos parques eólicos pela primeira vez. E essa desaceleração do setor da Aeris deve continuar nos próximos anos, em meio a um encarecimento dos equipamentos eólicos, que contrasta com uma indústria de energia solar chinesa inundando os mercados com placas fotovoltaicas baratas. Diante dessa conjuntura, inclusive, o Conselho Monetário Naciona (CMN) aprovou recentemente cortar juros de empréstimos do Fundo Clima a projetos eólicos, enquanto aumentou taxas para projetos eólicos.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)