São Paulo, 15/1/2025 – Com diversos membros do governo federal atribuindo dificuldades da gestão a um “problema de comunicação”, o presidente Lula tem mantido reuniões constantes nos últimos dias com o publicitário Sidônio Palmeira, que assumiu a Secretaria de Comunicação nesta semana, e ele já aparece até mais que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na agenda presidencial.
Desde a chegada de Sidônio, que antes atuou como “marqueteiro” na campanha vitoriosa de Lula em 2022, e foi alçado ao novo posto após críticas ao desempenho do ex-ministro Paulo Pimenta, ele esteve todos os dias com o chefe do Executivo, e se envolveu em agendas com diversos outros membros da administração.
Na sexta-feira passada, antes mesmo de assumir oficialmente o cargo na Secom, Sidônio participou com Lula de uma reunião com diversos ministros, incluindo o da Casa Civil, Rui Costa, e com o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan. No final do dia, ele teve outro compromisso no Planalto, com Lula e o ministro da Educação, Camilo Santana.
Na segunda-feira, Sidônio e o secretário de Comunicação Social, Laércio Portela, tiveram mais uma reunião com Lula, na véspera da data programada para a posse, quando os dois voltaram a estar com o presidente.
Hoje, quarta-feira, o novo chefe da Secom teve reunião com Lula e Haddad logo pela manhã, além de nova agenda no final da tarde que incluiu o vice-presidente Geraldo Alckmin e outros ministros e secretários.
Para o historiador Marco Antonio Villa, a nomeação chamou a atenção, e mostra como o governo está priorizando uma guinada na comunicação, inclusive com possível mudança na linguagem.
“É a primeira vez que um marqueteiro vira secretário de Comunicação Social, que eu me recorde, no caso brasileiro, na Presidência da República”, disse Villa, em participação ontem no Jornal da Cultura. “O governo nomeou porque quer melhorar sua comunicação… e ele seria alguém que comanda e tem o controle mais eficiente de como trabalhar com as mídias sociais, que hoje estão muito vinculadas às avaliações dos governos.”
E o novo chefe da Secom já chega com um desafio enorme pela frente: após divulgações problemáticas sobre uma nova instrução normativa da Receita Federal gerar preocupações e rumores sobre uma possível taxação adiante do Pix, ou fiscalização maior das transferências entre pessoas físicas, o governo decidiu recuar da medida, em meio a uma saraivada de ataques nas redes sociais.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos nomes mais vocais da oposição a Lula nas redes sociais, gravou um vídeo questionando a medida da Receita Federal, e conseguiu milhões de compartilhamentos.
Contra a força da oposição na internet, Lula escalou um novo chefe da Secom, que curiosamente é formado em engenharia. Sidônio, nascido na Bahia, começou a carreira na área de comunicação em 1992, ao cuidar da campanha que elegeu a então deputada Lídice da Mata para a prefeitura de Salvador, e se aproximou do PT em 2006, com a campanha de Jacques Wagner, segundo reportagem do G1.