Entrevista à TC News

Aura mira mais M&A e expansão orgânica para elevar produção e múltiplos, diz CEO

Aura mira mais M&A e expansão orgânica para elevar produção e múltiplos, diz CEO

São Paulo, 10/12/2024 – Embora acumulem um rali de mais de 130% em 2024, as ações da Aura Minerals ainda têm espaço para valorizar, uma vez que a atual trajetória de crescimento da mineradora de ouro e cobre deverá não só aumentar os resultados, como potencialmente elevar os múltiplos de avaliação das ações no futuro, disse o CEO, Rodrigo Barbosa, em entrevista à TC News nesta terça-feira.

Atualmente, a Aura Minerals negocia com múltiplo que mede o valor líquido dos ativos, NAV, de 0,4x, contra uma média de 0,6x de pares da indústria com mesmo tamanho, ou até 0,8x ou 0,9x no caso de empresas de maior porte.

“Isso vai ser um fator alavancador. Se mantivermos o mesmo múltiplo, já vai valorizar, por aumento de produção e EBITDA. Só que não vamos só fazer isso, mas também talvez multiplicar esse múltiplo, por que não para estar no 0,8x, 0,9x. Então tem duas variáveis que vão impulsionar nosso valor de ação nos próximos dois anos”, disse o CEO, em participação no programa Almoço de Negócios, da TC News.

Segundo Barbosa, o novo patamar de múltiplos deve ser possível conforme a empresa avançar a produção para níveis na casa de 500 mil a 600 mil onças equivalentes. Em 2024, a Aura deve produzir de 244 mil a 292 mil t, com planos de atingir 450 mil t nos próximos anos.

“Temos dentro de casa alguns projetos para serem construídos… temos outras coisas andando. E continuamos olhando M&As (fusões e aquisições), não paramos. Queremos atingir algo superior a 600-700 mil onças”, disse Barbosa.

Ao mesmo tempo em que entrega expansão, a Aura, com operações de ouro e cobre no Brasil e Américas, tem distribuído dividendos, com yield estimado neste ano de 9%, e se mantido desalavancada, acrescentou o CEO.

BITCOIN
Questionado sobre uma potencial competição entre o ouro e o Bitcoin pela atenção de investidores que buscam por ativos diferenciados e que possam servir de “hedge” para eventuais estresses nos mercados financeiros, Barbosa defendeu que ambos ativos podem atrair mais atenção na atual conjuntura.

“Eu gosto bastante do case do Bitcoin, ele tem algumas similaridades, sim, ao ouro, porque ele é escasso, defende bem contra inflação algo que é escasso. Mas tem espaço para todos”, disse o CEO da Aura.

Ele acrescentou, no entanto, que estudos mostrariam o Bitcoin mais correlacionado ao índice Nasdaq que o metal. “O ouro tem realmente fornecido algo anticíclico, uma proteção. Talvez em algum momento o Bitcoin se desdobre, e se descole de Nasdaq, mas para quem estiver investindo é imporante entender esse conceito”, explicou.

Questionado sobre expectativas para os preços do ouro, Barbosa preferiu não citar valores específicos, e disse que trabalha com projeções médias de consultorias, que apontam hoje até para preços um pouco abaixo dos atualmente praticados no mercado. “Embora a gente veja e acredite que tem espaço para subir”, afirmou.

Em caso de uma eventual correção nos preços, no entanto, a produção ascendente da Aura deverá mitigar parcialmente impactos, acrescentou o CEO. A empresa também deve se beneficiar no curto prazo do dólar mais forte, dado que tem operações no Brasil e em outros países das Américas com custos em moedas locais que perderam valor frente à divida americana. “Acaba contribuindo para aumento de nossas margens.”