Por: Equipe Mover
São Paulo, 15/10/2024 – A Brava Energia, resultado da fusão entre 3R Petroleum e Enauta, ainda é um “projeto”, e não mostra até o momento resultado “concreto” da combinação das duas companhias, avaliou o analista de equity research da Doxos Capital, Vitor Mafra, em episódio do MoverCast nesta segunda-feira.
Embora diversos bancos mantenham recomendação de “compra” para Brava, os papéis acumulam queda de 27,4% desde que as ações passaram a ser negociadas sob o ticker “BRAV3”, a partir de 9 de setembro, e o nível de apostas “short” está em 20% do free float, oitavo maior em termos percentuais entre as companhias da B3, segundo dados da Economatica levantados pela Mover.
“A Brava Energia pode, sim, ressurgir das cinzas. Tem muita gente alocada no papel, acreditando no potencial da companhia. Muitas pessoas deixaram passar PRIO, deixaram passar Petrobras, para apostar na 3R. (Mas) você está apostando no projeto, não em uma empresa que já é consolidada”, avaliou Mafra.
Na visão do analista, que tem a Petrobras como preferência em ativos de petróleo e gás, e também gosta de PRIO, a 3R tinha governança “embaralhada”, com rumos de atuação desafiadores, em sua visão, como a decisão de exploração simultânea de campos onshore e offshore. Em agosto, o CEO da PRIO, Roberto Monteiro, avaliou que a fusão de Enauta e 3R gerava uma empresa com “bastante complexidade”.
HORA DE ENTREGAR
A Brava reportou produção total bruta preliminar de 52,6 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) em setembro, queda mensal de 7,1%, impactada pela parada em Papa Terra. O Safra projeta que a empresa poderá superar 110 mil barris de óleo equivalente nos próximos anos.
“Para mim, você tem o papel. A partir do momento que a companhia produzir, de fato, e entregar, aí irei reconsiderar”, disse Mafra, cujo fundo multimercado onde é analista não tem posição em BRAV3.
Mafra ponderou, no entanto, que a fusão foi positiva para Enauta e 3R e que, em sua visão, o atual CEO da Brava, Décio Oddone, é um ótimo nome, positivo para a companhia, devido ao amplo conhecimento do setor de petróleo e gás.
Mais recentemente, o desempenho dos papéis foi pressionado pela interrupção das operações do Campo de Papa Terra, na Bacia de Campos – com previsão de retorno apenas em dezembro.
No mesmo intervalo de tempo, os futuros do Brent avançaram 3,23% – em meio a preocupações envolvendo o conflito entre Israel e Irã – e eventual disrupção da oferta de commodity, ainda que pese as preocupações envolvendo a demanda pela commodity, dadas as dificuldades da economia chinesa em alcançar a meta de crescimento deste ano, de 5,0%.