Coluna de Bruno Corano para o FLJ

"Educação financeira é essencial, mas não suficiente"

Freepik
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Fico impressionado quando leio pesquisas que mostram que o brasileiro gasta mais tempo para escolher sua máquina de lavar roupas do que os fundos que irá investir. Ainda pior, que o ‘Jogo do Tigrinho’ bate todos os recordes.

Não importa a pesquisa, sempre está estampado que, infelizmente, a educação financeira no Brasil é muito baixa. No entanto, queiramos ou não, temos que lidar com dinheiro. Temos que ganhá-lo e, consequentemente, gastá-lo da melhor forma; ou, ainda mais importante, poupar e investir.

Quem vive sem reserva? A única certeza que temos na vida é que os imprevistos acontecerão. Perderemos o emprego algum dia, ou ficaremos doentes, ou…. ou…. ou….

Desta forma, a educação financeira é essencial. Deveria, assim como nutrição, ser ensinado na escola. Por não ser, temos um mar de despreparados. Analfabetos financeiros.

Entretanto, há os que fazem cursos, e acreditam estarem prontos para gerir seus próprios recursos, e é justamente aqui que trago a principal ponderação.

Um médico ortopedista, por melhor que seja, é capaz de cuidar com excelência de um problema cardíaco? E o inverso?

Os próprios médicos especialistas em uma determinada área são atendidos por outros especialistas, conforme a sua necessidade.

O que faria você acreditar que, com alguns poucos cursos, conseguiria cuidar sozinho dos seus investimentos, sendo que o mercado financeiro tem uma enormidade de especialidades e armadilhas?

Educação financeira é sua capacidade de entender os produtos, o sistema, os mecanismos, os riscos, a volatilidade, os riscos, entre tantos outros aspectos, para que isso te permita não ser enganado, nem usado, por um assessor de investimento ou uma casa de investimento que você no fundo deveria procurar.

Eu, com meus 30 anos de mercado, não consigo, nem de perto, ser tão bom em ações como os meus gestores que só fazem isso, ou tão bom em renda fixa como meu especialista da área, e assim por diante. No fundo, sou apenas bom o suficiente para escolher os melhores, por congregar todas as pessoas e tantas informações e definir um caminho, uma direção, uma estratégia.

A mensagem aqui não implícita é que entendo que todo mundo deve ter educação financeira para investir. Mas também entendo que devemos ter ajuda de especialistas que sabem muito mais do que nós sobre determinados produtos para realmente obtermos os melhores ganhos com os menores riscos.

Desaprovo e considero impossível alguém achar que pode gerir seus recursos por conta própria. Um dos meus clientes é um dos mais importantes gestores de ações aqui em Wall Street. Embora ele seja um tremendo gestor, conta com o serviço de outros para produtos que ele não domina. A história do cardiologista e do ortopedista, lembra?

Reconheço que são poucas as casas que verdadeiramente têm um corpo técnico de verdade para assessorar investidores. Reconheço também que, infelizmente, esse nível de conhecimento e serviço não está acessível para todos. Reconheço ainda que a imensa maioria dos assessores, na verdade, são atendentes/vendedores, e não verdadeiramente assessores, uma dinâmica que recebo semanalmente em meu escritório. Clientes e mais clientes que foram horrorosamente explorados, enganados com a venda de produtos financeiros péssimos para eles, mas excelentes para os assessores.

Nos próximos artigos, falarei sobre onde estão as armadilhas, como identificar os bons dos ruins, como desenvolver critérios de seleção, o que esperar do seu assessor, e quando verdadeiramente é justo pagar por esses serviços.

Obrigado pelo carinho de sempre.

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*Bruno Corano é economista da Corano Capital e idealizador do Imigre America