A Petrobras se engajou em negociações para aquisições de ativos de geração renovável, incluindo conversas para uma potencial parceria com a Eneva no segmento, embora ainda não tenha avançado em nenhum acordo por ora, disseram à Mover três fontes com conhecimento do assunto.
Analistas do Santander Corporate projetam que a Petrobras pretende gastar de US$4,7 bilhões a US$8,4 bilhões em fusões e aquisições nos próximos 12 meses, com entre US$1 bilhão e US$2 bilhões para transações em renováveis, o que estaria alinhado ao plano estratégico da estatal.
A Eneva, que atua em gás e geração térmica, e entrou em solar com a compra da Focus, em 2022, procura um sócio para as operações de renováveis há mais de um ano. A empresa foi o primeiro alvo da Petrobras, mas a estatal também teve conversas preliminares com outros grupos que buscavam compradores, como Rio Alto, disseram duas fontes, e 2W Energia, de acordo com uma das pessoas.
As informações evidenciam como a Petrobras de fato iniciou a busca por diversificação de negócios que tem sido apregoada pela gestão da companhia desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Procuradas, Petrobras e Eneva não responderam pedidos de comentário, e não foi possível falar de imediato com representantes de 2W e Rio Alto. Mas as tratativas da estatal com essas empresas não continuaram, ainda segundo as fontes.
“Não fazia mais sentido seguir”, disse uma das pessoas envolvidas nas conversas. “Houve namoro, troca de informações, mas acabou não andando”, disse outras das fontes.
No ano passado, a Petrobras chegou a estudar a aquisição de participação em um projeto eólico offshore na Escócia, mas as análises não foram adiante, conforme admitido pelo ex-presidente da estatal Jean Paul Prates em teleconferências com acionistas.
“CONSERVADORA”
Um dos pontos que dificulta negócios é que a Petrobras avalia as operações com técnicos próprios e premissas “bastante conservadoras”, o que pode ser uma boa notícia do ponto de vista do acionista e de analistas preocupados com o potencial retorno, mas dificulta fechar acordos, explicou uma das fontes
“Você vê que a equipe está trabalhando claramente com métricas, sem uma condição de pressão, estão realmente sendo conservadores. Estão buscando um portfólio onde consigam se posicionar de uma maneira estratégica”, disse uma fonte com conhecimento do assunto.
“Dinheiro não é realmente uma questão. Se for R$10 bilhões (e fizer sentido), eles fazem. A questão é fazer encaixar (na estratégia e nas premissas de retorno)”, acrescentou.
Em meio a um cenário de preços relativamente baixos no mercado de energia do Brasil, por expectativa de sobreoferta de geração renovável no curto prazo, empresas têm dificuldade para chegar a entendimentos sobre preço de ativos, e geralmente propostas precisam levar em consideração ganhos adicionais não óbvios, como sinergias operacionais ou comerciais, comentou uma das fontes.
PARCERIAS NO RADAR
Em relatório nesta semana, o Santander apontou que a Petrobras sinaliza intenção de “entrar em parcerias” em geração eólica e solar, comprando participações em “duas ou três” carteiras de ativos operacionais que tenham potencial para posterior expansão.
“Embora acreditemos que é mais difícil avaliar os montantes que a Petrobras poderia investir para comprar fatias em plataformas renováveis, estimamos que poderia levar a um desembolso de caixa de US$1,5 bilhão”, escreveram Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, do Santander.