Por: Luciano Costa
São Paulo, 15/02/2024 – A Eletrobras está montando um time dedicado a comercialização de energia em São Paulo, com objetivo de ganhar força no aquecido mercado livre de eletricidade, ambiente de atacado onde grandes empresas como indústrias negociam o suprimento e preços diretamente com grupos do setor elétrico, disseram diversas fontes à Mover.
As regras da privatização da Eletrobras, aprovadas em 2022, previam que a empresa teria uma liberação gradual de grandes volumes de energia para serem vendidos no mercado livre elétrico nos próximos anos. Com isso, ela passou a ter atuação bem mais “agressiva” nesse segmento desde o segundo semestre de 2023, disseram três das fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade do tema.
A estratégia da Eletrobras para o setor ainda não está totalmente definida, mas a princípio ela tem focado em operações com grandes empresas que são consumidores finais de energia, buscando ampliar sua carteira de clientes diretos, enquanto negocia também com ‘tradings’ de energia, de acordo com as fontes.
“A Eletrobras é um ‘player’ gigante no mercado, está entrando em vários segmentos. Ainda não está definido se vai entrar no varejo do João da Padaria, mas o que tem hoje são grandes clientes”, disse uma das fontes, próxima das operações. “O nome Eletrobras é muito forte. As pessoas acreditam na musculatura e na confiabilidade financeira da empresa, então muitos clientes vem sem bater na porta dele, sem precisar procurar”, acrescentou.
Para além da força do nome, a Eletrobras ainda tem praticado preços competitivos, principalmente para clientes finais, disseram três fontes do mercado elétrico. “Eles estão entrando muito agressivos em consumidores. Uns 4%-5% abaixo da marcação do mercado, às vezes até mais”, disse um operador.
Isso não significa, no entanto, que a companhia esteja “deixando dinheiro na mesa”, disseram duas fontes, com uma delas citando que os preços da Eletrobras para “tradings” estão acima dos praticados com clientes finais, evidenciando o esforço para criar uma carteira própria de clientes.
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“Não acho que seja destruidor (de valor)”, disse um operador do mercado elétrico. Uma fonte com conhecimento da visão da Eletrobras também defendeu a estratégia. “Ser competitivo para o mercado não é a prioridade, a prioridade é gerar valor para o acionista. É óbvio que a empresa está com energia, tem na mão para vender, mas vê as oportunidades que são boas para a companhia”.
TIME CRESCENDO
A equipe de comercialização da Eletrobras já tem cerca de 40 pessoas, a maior parte delas em São Paulo, longe da sede no Rio de Janeiro, mas perto da maioria das ‘tradings’ de energia, concentradas na região da Faria Lima. E a atuação no setor também passará pela oferta de soluções de eletrificação para clientes comprometidos com metas de redução de emissões. “A empresa está trazendo gente do mercado, especializada. Mas também de outras áreas, como telecom, com conhecimento de marketing, porque o mercado está mudando para um perfil mais diferente, mais de varejo”, explicou uma das fontes.
Antes da privatização, as subsidiárias da Eletrobras atuavam de forma independente no mercado livre elétrico, e atendiam diretamente 31 grandes clientes. Hoje, a operação é integrada, e os clientes finais já passavam de 132 em junho passado. A companhia inclusive criou uma vice-presidência de Comercialização, liderada por Ítalo Freitas, ex-CEO da AES Brasil, e contratou para diretor de Trading um ex-executivo da Matrix Energia, Adriano Vilar.
Em nota à Mover, Freitas disse que “a Eletrobras está estururando a área, compondo o time e avaliando as possibildiades de mercado”. “A partir da credibilidade no setor e da sua capacidade de fornecimento, a companhia poderá oferecer novos produtos e soluções aos seus clientes”, acrescentou ele, sem detalhar.
( LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)
*Esta reportagem foi publicada antes, às 12h39 de 15/02/2024, para clientes na área de exclusivas do Painel Mover Pro
