Enauta vê ação saltar mais de 20% após anunciar aquisições

A companhia, que tem a Queiroz Galvão como principal acionista, divulgou nos últimos dias negócios de mais de US$200 milhões

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Por: Luciano Costa

As ações Enauta (ENAT3) caminham para fechar o pregão desta terça-feira com alta de quase 10%, superando 20% de ganhos nas últimas duas sessões e atingindo máximas em mais de um ano e meio, após a petroleira independente ter anunciado duas transações para aquisição de ativos em pleno Natal que acabaram bem vistas pelo mercado.

A companhia, que tem a Queiroz Galvão como principal acionista, e que mais recentemente passou a ter a gestora Jive como importante investidora, com 15% do capital, divulgou nos últimos dias negócios de mais de US$200 milhões.

Hoje, por volta de 13h20, as ações ON subiam 9,90%, a R$20,20. Os papéis eram cotados no maior nível desde junho de 2022. 

“É o segundo presente de natal para os acionistas. Seguimos posicionados nas carteiras administradas pela Warren Brasil, entendendo que a companhia passa por um momento bem favorável de ‘turnaround’ em termos operacionais e de governança”, escreveu o sócio da gestora e líder de Research, Frederico Nobre, no X.

Na segunda-feira, feriado de Natal, a Enauta informou acordo com a Qatar Energy para comprar 23% de Parque das Conchas, na Bacia de Campos. O ativo produz atualmente 35 mil barris de óleo equivalente/dia, com produção média de 28 mil boed no primeiro semestre.

Na semana passada, a Enauta divulgou a aquisição dos campos Uruguá-Tambaú e infraestruturas de escoamento de gás, em negócio de US$10 milhões com a Petrobras, que envolve ainda até US$25 milhões contingentes, associados ao desenvolvimento das operações e preços do petróleo. Os campos produziram 5,4 mil barris de petróleo e 353 mil m³ de gás por dia em 2023, com pico de produção de 15 mil barris em 2015.

A Enauta também pagará US$48,5 milhões pela plataforma FPSO Cidade de Santos, que é operada pela Modec nos campos Uruguá e Tambaú e tem capacidade para produzir 25 mil barris de óleo e 10 milhões de m³ de gás por dia.

As operações da Enauta atenderam expectativas de parte do mercado, que ansiava por aquisições da companhia. Analistas do Santander Corporate & Investment disseram em relatório na semana passada que, após mudanças recentes na base de acionistas e na gestão, a empresa “poderia acelerar a busca por fusões e aqusições, dada sua sólida posição de caixa”.

A descoberta de oportunidades de fusões e aquisições geradoras de valor, inclusive, era apontada pelo time do Santander como um dos possíveis fatores de alta para os papéis da Enauta, com o banco elevando a recomendação para os papéis a “compra”, de “neutra” antes, com preço-alvo de R$23 em 2014, frente a R$19 anteriormente.

Com a entrada da Jive, uma gestora especializada em investimentos alternativos, a companhia se tornou “mais rápida e ágil”, e a expectativa é que ela eleve a produção para média de 33 mil barris por dia em 2024, de 10 mil boed em novembro, com o início das operações do sistema definitivo do campo de Atlanta no terceiro trimestre, acrescentou o Santander, ainda antes das aquisições.

A diminuição da fatia da Queiroz Galvão, depois que a Jive exerceu créditos detidos contra a empreiteira, em meio a dificuldades do grupo de construção após a Operação Lava Jato, também melhorou a visão de analistas sobre a governança da Enauta. A companhia é comandada pelo ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Décio Oddone.

(LC | Edição: Gabriel Ponte | Comentários: equipemover@tc.com.br)