Criação de vaga nos EUA surpreende com alta de 517 mil postos em janeiro; ganho salarial em linha

Os EUA criaram 517 mil vagas no mês passado acima das 185 mil projetadas, segundo consenso Mover

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Por: Patricia Lara

O relatório de emprego urbano dos Estados Unidos, conhecido como Payroll, mostrou reaceleração da criação de empregos em janeiro, o que gera uma forte reação dos ativos nesta sexta-feira em meio ao ajuste das expectativas sobre o ciclo de alta dos juros no país. A taxa de desemprego renovou a mínima em mais de 53 anos, atingindo 3,4%, enquanto o ganho salarial subiu em linha com o consenso. Os dados são divulgados após o Banco Central americano ter suavizado o ritmo de alta da taxa básica de juros para 25 pontos-base na última quarta-feira.

Os EUA criaram 517 mil vagas no mês passado, muito acima das 185 mil projetadas, segundo consenso Mover. A taxa de desemprego caiu para 3,4%, ante o consenso das projeções, que era de 3,6%. Houve também revisão sobre a criação de emprego em dezembro, com aumento de 71 mil vagas.

O ganho médio por hora trabalhada subiu 0,3% na base mensal, em linha com o consenso de 0,3%, após avanço de 0,4% em dezembro. Já na base anual, os reajustes desaceleraram para 4,4%, de 4,9% no mês anterior e acima do consenso de 4,3%.

Os dados contrastam com a onda de anúncio de demissões que vinham em destaque na imprensa. Segundo o Departamento do Trabalho, a criação de empregos foi disseminada com destaque para os setores de lazer e hospitalidade, com aumento de 128.000 postos, ante uma média de 89.000 empregos por mês em 2022.

O emprego no setor de serviços aos negócios e de profissionais liberais subiu 82.000 postos, com destaque para serviços técnicos, científicos e profissionais, ante uma média de 63.000 por mês em 2022.

O emprego também aumentou em órgãos de governo, parcialmente em razão do fim de greves em universidades.

Mesmo com o aumento das vagas, a pressão salarial ficou em linha com o esperado. Esse tem sido o foco das principais preocupações do Federal Reserve. Após a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto desta semana, que elevou os juros em 25 pontos-base, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%, o presidente da autarquia, Jerome Powell, afirmou que o mercado de trabalho segue “muito forte”.

“Minha opinião é que não haverá um retorno sustentável à meta de inflação, de 2,0%, sem um melhor equilíbrio no mercado de trabalho”, complementou o presidente do Fed. No comunicado da decisão, o FOMC reconheceu que a inflação apresentou ligeiro recuo, embora permanecesse elevada.

Após a divulgação dos dados, os índices futuros das bolsas americanas operavam em queda. O Nasdaq 100 futuro recuava 1,85%, afetado também por resultados abaixo do esperado de empresas de tecnologia como Apple, Alphabet e Amazon. O Dow Jones perdia 0,61% e o S&P500 desvalorizava-se 1,14%. Os yields dos Treasuries de dois anos – mais sensíveis à política monetária, disparavam 13,3 pontos-base, a 4,243%, enquanto os de dez anos ganhavam 10 pontos-base, a 3,504%.