Ibovespa recua pressionado por Vale (VALE3)

O BTG Pactual revisou para baixo o preço-alvo das ações da Vale

B3/Divulgação
B3/Divulgação

Por: Luca Boni e Fabricio Julião

O Ibovespa reverteu os ganhos do início do pregão e passou a cair, em movimento de correção. A Petrobras arrefecia parte da alta e a Vale recuava, pressionando o índice junto com papéis do setor Financeiro.

Por volta das 12h30, o Ibovespa caía 0,17%, aos 112.363 pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$11,9 bilhões, bem abaixo da média de 50 pregões.

As ON e PN da Petrobras subiam 0,49% e 0,77%, respectivamente, em sintonia com o movimento do petróleo Brent, que arrefecia os ganhos desde o início da sessão.

A Arábia Saudita anunciou no fim de semana um corte adicional de produção de 1 milhão de barris por dia, para cerca de 9 milhões de barris por dia – o menor patamar de produção do país desde junho de 2021 – a partir de julho, e avisou que a decisão ainda pode ser prorrogada. Já a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve as metas de produção de petróleo para este ano.

As ON da Vale reverteram os ganhos e recuavam 0,90%. O movimento ocorre apesar da alta de 2,15% do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian, na expectativa pelo anúncio de um pacote de estímulos imobiliários na China.

Mais cedo, o BTG Pactual revisou para baixo o preço-alvo das ações da Vale e outros números da mineradora, incorporando um cenário de maiores custos e menores preços do minério de ferro, devido às frustrações com a reabertura da economia chinesa ao longo do ano. Ainda assim, o BTG manteve a recomendação de “compra” para papéis.

As ON da CVC ganhavam 8,33%, liderando as altas percentuais do índice. No plano de fundo, o fundador e antigo controlador da operadora de turismo, Guilherme Paulus, se comprometeu a investir R$75 milhões em uma futura oferta primária da companhia. A CVC também elegeu Fabio Martinelli Godinho como CEO.

Na ponta oposta, papéis do setor Financeiro pressionavam o Ibovespa: as ON da B3 e as PN do Itaú recuavam 0,76% e 0,48%, respectivamente.

As ON da Eneva cediam 3,68%, liderando as quedas percentuais do índice. Mais cedo a Fitch cortou o rating da 9ª emissão de debêntures da companhia de “AAA(BRA)” para “AA+(BRA)”.

Investidores acompanham hoje eventos públicos com diretores do Banco Central. O diretor de Política Econômica e Monetária, Diogo Abry Guillen, fez há pouco uma palestra na Bradesco BBI London Conference. Já o presidente do BC, Roberto Campos Neto, fala à tarde em evento organizado pela Cooperativa Regional de Cafeicultores em Minas Gerais. As participações ocorrem após uma semana de forte queda das taxas futuras de juros e do risco-Brasil, diante de sinais de desaceleração da inflação.

JUROS

As taxas dos contratos de juros futuros operavam em queda por volta das 12h30. A curva amanheceu abrindo, com os DIs em alta de cerca de 6 pontos-base. No entanto, a partir das 11h30, o movimento se inverteu e os vértices passaram a cair.

Os DIs com vencimento em Jan/24 e Jan/25 recuavam 1,5 ponto-base e 5,5 pbs, respectivamente, a 13,20% e 11,42%. Já os DIs para Jan/29 e Jan/33 caíam 6 pbs e 3 pbs, a 11,04% e 11,41%.

A mudança de movimento acompanhou os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, que passaram a cair após indicadores econômicos dos Estados Unidos saírem abaixo do esperado pelo mercado.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI) de Serviços dos EUA caiu para 50,3 em maio, ante expectativa de 52,2, enquanto o PMI Composto subiu para 54,30, porém, ficou levemente abaixo da expectativa de 54,50.

Com a atividade econômica mais fraca nos EUA, temores de uma recessão voltam a ganhar força e dão margem para a volta da precificação de corte dos juros ainda neste ano por lá. O cenário colabora com a visão de redução dos juros em breve no Brasil, com investidores consolidando as apostas em corte da Selic no segundo semestre.

EXTERIOR

Em Wall Street, os principais índices acionários operavam em alta, apesar de indicadores econômicos abaixo dos consensos, com as ações da Apple renovando máximas históricas. Investidores também repercutem a sanção da presidencial da lei que suspende o teto da dívida americana.

Perto das 12h30, o S&P500 e o Nasdaq 100 avançavam 0,26% e 0,56%, respectivamente, e o Dow Jones recuava 0,24%. O S&P500 adentrou em território de Bull Market – ou mercado de alta – ao subir 20% em relação à mínima registrada em outubro de 2022.

No mesmo horário, os Treasury yields de dez anos recuavam 1,1 pbs, a 3,685%, e os de dois anos, 1,6 pbs, a 4,489%.

Após a divulgação dos PMIs americanos abaixo do consenso, investidores tentam entender qual será os próximos passos do Federal Reserve em relação ao aperto monetário nos EUA. Segundo derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME), investidores projetavam hoje 73,6% de chances de estabilidade da taxa de juros americana, ante 35,8% há uma semana. Já as apostas para uma alta de 0,25 ponto percentual no próximo encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) caíram para 26,4%, ante 64,2% projetado há uma semana.

As ações da Apple avançavam 1,85% na Nasdaq, a US$184,15, registrando um novo recorde histórico, na expectativa da apresentação de um fone de ouvido de realidade virtual na conferência anual de desenvolvedores mundiais da companhia, marcada para ocorrer hoje a partir das 14h00.

No sábado, o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou o acordo que suspende o teto da dívida americana, evitando que o país ficasse sem recursos para honrar suas obrigações financeiras a partir de hoje, o que poderia ter impacto econômico global.

CÂMBIO

O dólar caía pelo terceiro dia consecutivo frente ao real, seguindo a tendência de bom humor dos investidores para o mercado brasileiro. O real era a moeda que mais se valorizava em uma cesta de 22 divisas acompanhadas pela Mover.

Por volta das 12h20, o dólar à vista cedia 0,84%, a R$4,9164. Já o dólar futuro recuava 0,85%, negociado a R$4,942.

Mais cedo, o Goldman Sachs divulgou a projeção de valorização do real nos próximos anos, o que contribuiu para acelerar a queda do dólar diante da moeda brasileira nesta manhã. As estimativas apontam para R$4,85 em 2024, R$4,75 em 2025 e R$4,60 em 2026.

“O real continua se valorizando, graças à entrada mais forte de dólares no Brasil. O resultado de maio das contas externas foi excepcional, com a balança comercial registrando mais de US$10 bilhões de superávit. Éimpressionante o que está acontecendo com o setor externo brasileiro, eu brinco até que está chovendo dólar por aqui. Isso também porque triplicamos a produção de grãos e de petróleo, o que tem ajudado muito o fluxo de dólar à economia brasileira”, afirmou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.

O Índice Dólar DXY operava próximo ao zero a zero, em queda de 0,01% por volta das 12h20, aos 104.026 pontos.