Ibovespa: Investidores buscam proteção em meio ao tom duro dos BCs

A abertura do principal índice futuro de ações do Brasil é incerta

Pixabay
Pixabay

Por: Felipe Corleta

Os mercados internacionais iniciam a semana com viés de busca por proteção, com as bolsas internacionais e os rendimentos dos títulos de dívida em baixa na manhã de segunda-feira. Os recentes dados econômicos fracos em economias desenvolvidas e a persistência dos bancos centrais em manter uma postura agressiva no controle da inflação elevam os riscos de recessão e direcionam o fluxo inicial da semana para as moedas fortes, a renda fixa e o ouro.

Os eventos que se passaram na Rússia no final de semana, com a breve insurgência de um grupo de mercenários contra o governo, seguido por um acordo, são de difícil precificação pelos investidores. Por um lado, a tentativa de golpe trouxe alguma esperança ao Ocidente de que Putin poderia deixar o poder, renovando a expectativa com o fim da guerra na Ucrânia; por outro, o rápido acordo intermediado pelo presidente bielorusso Lukashenko dá a sensação de continuidade do conflito.

Nesse contexto, o petróleo Brent avança 0,50% a US$74,22 e os futuros de gás natural sobem mais de 5% na Europa. Na China, as bolsas derreteram pela quarta sessão consecutiva, enquanto investidores aguardam por medidas de estímulo do governo. O minério de ferro em Dalian, na China, caiu 0,44% a cerca de US$110,20.

No Brasil, investidores olham para a pesquisa Focus, do Banco Central, que na última semana reduziu as projeções para a Selic de 2023 de 12,50% para 12,25% e mostrou melhoras nas apostas para inflação e atividade. Na última semana, o Copom manteve inalterada a taxa em um comunicado tido por parte do mercado como rigoroso. Amanhã, o BC publicará a ata da decisão, em que pode esclarecer pontos alterados no último comunicado.

Além do Focus, saem hoje dados de confiança do consumidor de junho no Brasil, além de dados de maio de investimento estrangeiro direto e conta-corrente. Às 15h00, o BC divulga o fluxo cambial semanal. No exterior, a agenda é relativamente esvaziada, com destaque para a fala da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde.

Na quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para definição do patamar e do modelo das metas de inflação. Roberto Campos Neto, presidente do BC, Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, e Simone Tebet, Ministra do Planejamento, podem promover uma alteração do sistema de metas de inflação, abandonando a meta de ano-calendário e passando para uma meta contínua.

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura. Fique de olho na cobertura dos indicadores e eventos mais importantes na agenda TC nos terminais da Mover e TC Economatica.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 perdiam 0,05%, 0,10% e 0,15%.

O índice Stoxx Europe 600 cedia 0,23%, na sexta sessão consecutiva de quedas. Bancos e Small Caps eram as piores baixas no mercado europeu.

O dólar americano operava estável ante a maioria dos pares, mas algumas moedas de países emergentes subiam. O índice Dólar DXY perdia 0,12%.

Entre os títulos de renda fixa havia valorização generalizada, com os rendimentos em queda nos títulos alemães e americanos. O Treasury yield de 10 anos perdia 4,3 pontos-base a 3,69%

Na Ásia, as bolsas fecharam em queda. Shanghai cedeu 1,48%, Tóquio perdeu 1,45% e Hong Kong perdeu 0,51%.

O Bitcoin cedia 1,21% nas últimas 24 horas, a US$30.288; o Ethereum caía 1,58%.

MERCADOS LOCAIS

A abertura do Ibovespa futuro é incerta. O exterior e o princípio de uma queda no final da última semana indicam correção, mas as tendências técnicas apontam para alta. O EWZ e os principais ADRs brasileiros não tinham negociação no pré-mercado.

O dólar futuro pode abrir em queda, com os futuros do real brasileiro se valorizando 0,10% na CME, e outras moedas emergentes em alta.

Os contratos de juros futuros na B3 podem responder ao boletim Focus.

DESTAQUES

As ações da petroleira estatal argentina YPF e da brasileira Petrobras têm se destacado entre as principais altas das bolsas de seus respectivos países neste ano, em desempenho antes visto como improvável por muitos analistas e que surpreende devido aos riscos políticos inerentes a ambas as empresas. (Mover)

Há uma articulação, em andamento, para que o governo tenha mais poder de mando na Vale. O movimento de parte do Partido dos Trabalhadores defende colocar Guido Mantega, ex-secretário do Tesouro, no comando da mineradora. No entanto, acionistas da companhia, como o Bradesco, Mitsui, BlackRock e Cosan não endossam a tese de troca de comando neste momento. O atual presidente da companhia, Eduardo Bartolomeu, tem mandato até maio de 2024. (O Globo)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, telefonou para algumas das mais importantes autoridades da República na semana passada, após a reunião do Copom, para explicar o teor do comunicado emitido pelo BC na noite de quarta-feira, o qual foi avaliado como “muito duro” pelos membros do governo. (O Globo)

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou na sexta-feira que o governo anunciará novas medidas para gerar receitas adicionais, além de medidas já tornadas públicas, e que, em sua visão, asseguram cerca de R$100 bilhões aos cofres públicos. Ele não descartou, por exemplo, realizar alterações na tributação de fundos exclusivos. (Exame)

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou nesta sexta-feira que deverá haver um maior número de fusões entre bancos norte-americanos ao longo deste ano, após os recentes episódios de falência. Yellen pontuou que, em um ambiente de juro alto, instituições financeiras enfrentam um desafio de depender unicamente dos depósitos de clientes para estruturar suas operações. Isso, segundo ela, se acentuou após a falência do Silicon Valley Bank, em março. (Wall Street Journal)

Gestores de recursos podem estar se contentando com a situação de que o rali acionário que dominou os mercados recentemente possa estar chegando ao fim. As constantes preocupações com a política monetária do Federal Reserve, e os crescentes temores de uma recessão econômica, interromperam a mais longa sequência de vitórias semanais do S&P500 desde 2021. (Mover)

O chefe do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, irá para Belarus, sob um acordo negociado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, como forma de encerrar um motim armado que ele liderou contra a liderança militar da Rússia ao longo dos últimos dias. No sábado, o chefe mercenário havia ordenado aos combatentes que voltassem às bases, como forma de evitar um “derramamento de sangue”. (Reuters)