Por: Luca Boni e Gabriel Ponte
O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira em queda, na contramão dos índices americanos, com os investidores optando pela cautela antes das decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil nesta quarta-feira. No exterior, os índices acionários de Wall Street fecharam em alta, beneficiados por uma inflação ao consumidor em linha com o consenso.
O Ibovespa encerrou com queda de 0,40%, aos 126.403 pontos. A sessão teve volume de R$13,94 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.
Segundo o especialista em mercado de capitais da GT Capital, Dierson Richetti, os movimentos do mercado giraram em torno dos dados de inflação ao consumidor e principalmente à espera da “Super Quarta”.
Pela manhã, a bolsa reagiu positivamente aos números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) , que subiu 0,28% em novembro, após avanço de 0,24% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado de 12 meses até novembro, o IPCA teve alta de 4,68%, contra 4,82% do mês anterior.
Os dados vieram abaixo do consenso nas leituras mensal e anual, reforçando leitura de que o Banco Central deverá seguir com o ritmo de corte da Selic em 50 pontos-base nas próximas reuniões da autoridade monetária. Também segundo analistas, o BC poderá incorporar no seu comunicado da decisão, amanhã, a evolução positiva para os preços desde a última decisão de juros, em novembro.
Também amanhã, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) deverá manter os juros inalterados no intervalo entre 5,25% e 5,50%. Com as decisões já contratadas pelos investidores, a expectativa gira em torno de uma possível mudança no tom dos comunicados. Nos EUA, alguns operadores entendem que o Federal Reserve possui espaço para equilibrar o viés altista para os juros até então presente.
Já no mercado local, ainda que os investidores já tenham precificado a continuidade do ritmo de corte da Selic adiante, eles também irão monitorar comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, à procura de potenciais pistas sobre uma aceleração do ritmo de cortes da Selic nas próximas reuniões.
Entre as ações, as maiores detratoras por pontos do Ibovespa foram as ON do Banco do Brasil (BBAS3) e as ON e PN da Petrobras (PETR3, PETR4), que recuaram 3,05%, 1,53% e 0,81%, respectivamente. Os papéis do BB recuaram em meio ao relatório do Bradesco BBI, que rebaixou a recomendação de ‘compra’ para ‘neutra’ para as ações ordinárias do banco. Já as ações da Petrobras recuaram em linha com a forte desvalorização dos preços do petróleo Brent.
Em termos percentuais, os destaques negativos na B3 eram as ações ON da Totvs (TOTS3), do Banco do Brasil (BBAS3) e da 3R Petroleum (RRRP3), que cederam 3,53%, 3,05%, e 2,92%, nesta ordem.
Na ponta positiva, figuraram as ON do Grupo Soma (SOMA3), da MRV (MRVE3) e da CVC (CVCB3), que avançaram 4,02%, 2,78% e 2,77%, na sequência, impulsionadas pelo recuo dos contratos de juros futuros.
BOLSA EUA
Os principais índices acionários em Nova York encerraram em alta, com investidores reagindo aos dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que vieram em linha com o consenso, e contribuindo para a manutenção das expectativas dos investidores para um possível início de cortes das Fed Funds somente em 2024.
Os índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 avançaram 0,48%, 0,46% e 0,82%, respectivamente. Por volta das 18h00, os rendimentos dos títulos do Tesouro de dois operavam em alta de 2,1 pontos-base, a 4,731%, já os de dez anos recuavam 3,1 pbs, a 4,204%.
Dados do CPI indicaram uma desaceleração do ritmo de alta em novembro na base anual, a 3,1%, ante 3,2% em outubro. O dado veio em linha com o consenso. Também na base anual, o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançaram 4,0%, também em linha com o consenso.
(LB + GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)