Dados de renda e desemprego reduzem possibilidade de alta de 0,50 pp nos juros americanos, avaliam especialistas

O Payroll de fevereiro trouxe dados acima do esperado na criação de empregos, com 311 mil novas vagas

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Por: Fabrício Julião

O arrefecimento do ganho médio dos trabalhadores americanos e o aumento do desemprego são indicadores que reduzem a probabilidade de elevação mais dura do Fed sobre os juros nas reuniões de março, afirmaram especialistas à Mover.

“Os dados do Payroll dão sinais que a oferta de trabalho nos EUA está melhorando, mascom um a pressão menor sobre os salários, e um aumento no desemprego, o que sugere desaceleração da demanda” disse Nicolas Borsoi, gestor da Nova Futura Investimentos, ao Mover.

O Payroll de fevereiro trouxe dados acima do esperado na criação de empregos, com 311 mil novas vagas ante 205 mil que eram estimadas pelo mercado. Já o ganho médio por hora trabalhada foi de 0,2% em fevereiro, contra o consenso de aumento de 0,3% na base mensal e variação de 0,3% registrada em janeiro.

“De maneira geral, é um Payroll que não invalida a possibilidade de alta 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Fed, mas reduz essa chance. A tese de que a economia americana está com falta de mão de obra começa a cair com o desemprego aumentando, e o salário variando abaixo do esperado também é um bom sinal em relação à inflação”, explicou o economista.

Após a divulgação do Payroll, a negociação dos Fed Funds apontava para uma probabilidade de 50,2% de alta de 0,25 ponto percentual e de 49,8% de alta de 0,50 p.p. da taxa de juros na próxima reunião do Fed, segundo negociações na CME Group.

Antes dos dados do mercado de trabalho americano desta sexta, a probabilidade de elevação em 0,50 p.p. nos juros era de 75%, com o discurso mais duro de Powell no Senado dos EUA, na terça-feira.

“O grande medo do Fed é que a demanda e, por consequência, a inflação continuem a subir. Então, maior taxa de desemprego e com trabalhadores não ganhando tanto quanto era esperado são duas informações importantes, pois indicam que a demanda pode reduzir um pouco no curto prazo”, afirmou Rodrigo Cohen, fundador da Escola de Investimentos.

“Mas independentemente de os juros subirem 0,25 ponto percentual ou 0,50 pp na próxima reunião, o fato é que até o final do ano, com a carga de inflação e a demanda ainda altas, não parece que o Fed terá força para reduzir os juros, então o tom hawkish de Jerome Powell continua”, acrescentou.