Caso Americanas deteriorou preços de ativos, mas não preocupa no médio prazo, diz Comitê de Estabilidade Financeira

Comitê também aponta que houve desaceleração no crescimento do crédito amplo em diferentes modalidades

Agência Brasil
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Por Stéfanie Rigamonti

A ata da última reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central aborda o caso de inconsistências contábeis da Americanas, que, segundo a autarquia, gerou deterioração nos preços dos ativos do mercado doméstico privado e aumentou a volatilidade, os spreads e a aversão ao risco local. O BC enfatizou, contudo, que esses movimentos não representam uma preocupação no médio prazo.

“Também foram observados efeitos em algumas linhas no mercado de crédito. O Comef acompanha a evolução e os desdobramentos dos eventos recentes e segue pronto para atuar em caso de disfuncionalidade”, diz um trecho do documento.

A ata também aponta que houve desaceleração no crescimento do crédito amplo em diferentes modalidades, principalmente nas operações de maior risco envolvendo pessoas físicas. “Nas pessoas jurídicas, o crédito desacelerou marginalmente”, destaca. Ainda segundo o BC, embora o mercado de capitais tenha reduzido o ritmo de expansão, este ainda é uma importante fonte de financiamento, sobretudo de grandes empresas.

Apesar da desaceleração, no entanto, o BC considera que o mercado de crédito também não é objeto de temor no médio prazo, mas a Comef segue acompanhando as incertezas.

“As operações nas linhas de maior risco vêm sendo originadas com melhor qualidade de crédito. No entanto, o endividamento e o comprometimento de renda das famílias seguem elevados, e a capacidade de pagamento de dívidas das empresas diminuiu”, informa o documento. “Assim, uma frustação substancial do desempenho da atividade econômica pode resultar em elevação do risco de crédito”.

RISCO FISCAL

Segundo a ata, desde a última reunião do Comef, que aconteceu em 1 e 2 de março, a sensação de incerteza aumentou e ampliou o impacto no sistema financeiro doméstico. “O impacto mais severo continua sendo o observado no cenário de quebra de confiança no regime fiscal.”

O BC ressaltou que políticas macroeconômicas que melhorem a previsibilidade fiscal e que, consequentemente, reduzam os prêmios de risco contribuem para a estabilidade financeira. Ainda assim, a autarquia enfatizou a resiliência do sistema financeiro brasileiro. “Nos cenários de estresse macroeconômico avaliados, descritos no Relatório de Estabilidade Financeira, o sistema não apresentaria desenquadramentos relevantes”.