Americanas (AMER3) espera dar a volta por cima até 2026

Proposta da companhia é aprovar um acordo com os credores até o final de 2023

Agência Brasil
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Por: Bruno Andrade

A Americanas (AMER3) deve terminar todo o processo de reestruturação e começar um “crescimento orgânico” até 2026, disse o CEO da empresa, Leonardo Coelho, em teleconferência com analistas após a divulgação dos balanços de 2021 e 2022, realizada nesta quinta-feira (16).

A companhia controlada pelo trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, da gestora 3G Capital, reportou prejuízo líquido de R$12,9 bilhões no acumulado de 2022, piora de 107,2% na base anual.

O prejuízo mais que dobrou após um ano com fraco desempenho operacional, elevada despesa financeira e relevantes lançamentos extraordinários.

De acordo com a CFO, Camille Faria, a proposta da companhia é aprovar um acordo com os credores até o final de 2023 e aprovar a RJ até o início de 2024. “Acreditamos que essas datas são oportunas o plano de recuperação da companhia”, argumentou Faria.

O principal acordo a ser fechado é com credores financeiros, que soma R$36,6 bilhões em dívidas. A companhia está propondo o pagamento de forma à vista para quem tiver que receber até R$12 mil, valores acima desse terão duas opções de negociação.

Segundo Faria, a primeira opção consiste em um desconto de até 70% do valor e um pagamento em até 15 anos. Os valores serão atualizados pela Taxa Referencial (TR) ao longo do tempo até a quitação. Já a segunda opção envolve a capitalização de R$12 bilhões em créditos e pede um refinanciamento de R$1,88 bilhão em uma nova dívida, além de uma recompra de um saldo de R$6,7 bilhões.

Caso o credor não sinalize qual opção quer, deve cair em uma oferta geral com desconto de 80% da dívida e pagamento em até 20 anos. Essa é praticamente igual à primeira proposta da companhia, que foi rejeitada pelos credores.

A sinalização de Faria sobre o possível fechamento de acordo até o final do ano vai em linha com o prometido pelo CEO Bradesco, Octávio Lazari, em entrevista coletiva a jornalistas na última sexta-feira (10).

O executivo afirmou que as negociações com a Americanas caminharam muito bem nos últimos 40 dias e que eles pretendem fechar o acordo sobre a recuperação judicial neste ano. “Ainda temos uma parte da dívida para provisionar, mas estamos otimistas em assinar o fechamento de um acordo até o fim de 2023”, explicou.

O Bradesco acabou acionando a justiça contra a Americanas para uma produção antecipada de provas, mas suspendeu a ação após chegar a um acordo com a varejista.

As demais instituições financeiras não deram uma data tão precisa para o acordo, mas afirmaram que estavam empenhadas em entrar em um consenso. Em coletiva com a imprensa na última quinta-feira (9), o Vice-Presidente de controle de negócios do Banco do Brasil, Felipe Prince, não deu uma data precisa para o fechamento do acordo, mas disse esperar receber parte do valor à vista.

“Ainda não temos uma definição de prazo para o acordo, mas esperamos receber uma parcela do montante à vista, e isso tende a virar lucro de forma direta”, detalhou Prince.

PROJEÇÕES

A CFO da Americanas, Camille Faria, argumentou que as projeções divulgadas mais cedo, como a expectativa de alcançar um EBITDA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acima de R$2,2 bilhões em 2025 e de levar a dívida bruta para entre R$1 bilhão a R$1,5 bilhão, com uma alavancagem inferior a 0,75 vez, tendem a se concretizar se o “plano de recuperação judicial for um sucesso”.

Em 2022, a companhia teve um EBITDA ajustado, que mede o resultado operacional, negativo em R$2,9 bilhões para 2022, piora de 64,4% na comparação com o ano anterior. A receita líquida somou R$25,8 bilhões, crescimento de 14,6%.

As despesas gerais atingiram a marca de R$9 bilhões, consumindo 35% da receita líquida da empresa no período.  “É importante destacar que essa rubrica foi afetada neste exercício pelo correto lançamento de certas despesas, antes indevidamente capitalizadas, como folha de pagamento e frete”, explicou a empresa em comunicado.

Durante a teleconferência, Coelho comentou que a melhora do EBITDA não vai depender apenas da recuperação judicial. Segundo ele, outros fatores como a execução de resultado pela própria empresa também deve melhorar os números da companhia.

Para Coelho, um dos caminhos para o aumento de vendas é a captar os clientes que já circulam na loja para comprar guloseimas, o CEO afirmou que se a empresa fizer o uso da estratégia correta, ela pode vender outros produtos para essas mesmas pessoas.

“O que precisamos é trazer uma melhor experiência para o cliente que já está lá comprar outras coisas, o que deve melhorar a nossa execução”, conclui Coelho.