Por Bruno Andrade
O Banco do Brasil (BBAS3) espera uma estabilização da inadimplência de pessoas jurídicas, em meio à melhora do cenário macroeconômico e ao fim dos provisionamentos para calote de Americanas, disse o Vice-Presidente de controle de negócios, Felipe Prince, em entrevista coletiva a jornalistas nesta quinta-feira.
O segundo maior banco da América Latina reportou ontem um lucro líquido ajustado de R$8,79 bilhões no terceiro trimestre, alta de 4,5% na comparação com o mesmo período do ano passado e próximo do TC Consenso de R$8,95 bilhões.
Ao olhar a inadimplência, que subiu de 2,73% no segundo trimestre para 2,81% no terceiro trimestre, o Banco do Brasil aparece na contramão de alguns pares no setor, como Itaú e Santander, que apresentaram estabilização no quadro geral de não pagamentos de dívidas e ficaram com o índice em 3% no terceiro trimestre.
Sem citar a Americanas de forma direta, Prince comentou que o avanço, no caso do BB, foi impactado pelo provisionamento de R$507,4 milhões associado à dívidas da varejista, após sua recuperação judicial. Ele comentou que esse foi o último provisionamento feito para esse episódio, e disse que um acordo final para recuperar os valores está sendo mais “moroso que o esperado”.
“O saldo dessas operações começou a ficar atrasado em junho. Ainda não temos uma definição de prazo para o acordo, mas esperamos receber uma parcela do montante à vista, e isso tende a virar lucro de forma direta”, disse Prince.
Sem considerar a Americanas, a companhia teria inadimplência de 2,63% no período de julho a setembro, com redução de 0,10 ponto percentual na comparação com 2,73% do trimestre anterior.
Na inadimplência da carteira de pessoa jurídica, mesmo sem considerar o caso Americanas, o indicador iria de 2,31% para 2,49%.
“Tivemos essa alta por causa de um período conturbado do cenário macroeconômico no pós-pandemia. Estamos vivendo uma normalização desse segmento. Esperamos que a inadimplência da pessoa jurídica caminhe para uma estabilidade até o final de 2023”, disse Prince.
Para cobrir os riscos de inadimplência, as Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) Ampliadas disparam 66,4% e somaram R$7,52 bilhões no ciclo entre julho e setembro.
Balanço agrada analistas, mas ações caem
O balanço do BB agradou analistas do mercado, com o Santander dizendo que os números foram favoráveis. A Genial Investimentos comentou que o balanço mostrou um banco rentável, e o BTG afirmou que os resultados ficaram dentro das expectativas. Todos os analistas reiteraram “compra” para a ação.
Para a equipe do BTG Pactual, as perspectivas para o banco estatal em 2024 são positivas, uma vez que a queda da Selic deve beneficiar a empresa com o crescimento dos empréstimos superando os títulos nos próximos 6 e 18 meses.
“Esta dinâmica deverá permitir que a margem financeira cresça em conjunto com a carteira de crédito em 2024, superando as expectativas do mercado que espera lucros estáveis”, escreveram Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Ricardo Buchpiguel no relatório do BTG.
Por volta das 14h07, as ações ordinárias do Banco do Brasil recuaram 3,54%, a R$49,84. O papel era a quarta maior baixa do principal índice da bolsa de valores, o Ibovespa, que no mesmo horário subia 0,66%, a 119,9 mil pontos.