Por Stéfanie Rigamonti
O Ministério da Fazenda busca formas de impedir uma alta de preços após a assessoria da pasta confirmar ontem a reoneração de combustíveis, prevendo uma arrecadação de R$28,8 bilhões ao ano, mas sem explicar a modelagem da volta dos impostos. Ontem à noite, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que a Petrobras poderia contribuir por meio de um “colchão”, mas sem alterar a política de preços da estatal. Com isso, o governo mataria dois coelhos com uma cajadada só: melhoraria as contas públicas e evitaria um aumento da inflação esperada com o retorno dos impostos federais sobre combustíveis.
DESTAQUES DO DIA
O ministro Fernando Haddad disse ontem à noite que a Petrobras pode contribuir, por meio de um “colchão”, para impedir uma alta de preços com a volta dos impostos federais sobre combustíveis. Mas Haddad garantiu que as soluções buscadas pela pasta não passam por uma mudança da política de preços da estatal e respeitarão o Preço de Paridade Internacional. “Há um colchão [no âmbito do PPI] que permite diminuir ou elevar o preço dos combustíveis, e ele pode ser utilizado. Essa pode ser uma contribuição”, explicou o ministro. (Valor)
Ontem, os preços do litro da gasolina e do diesel negociados no Brasil tiveram o terceiro dia seguido de ágio nos pólos da Petrobras, sendo vendidos R$0,20 e R$0,12 mais caros no país do que no exterior, respectivamente, ou com ágios de 7% e 3%, segundo dados da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis, Abicom. (Mover)
A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda confirmou ontem o retorno de impostos federais sobre combustíveis, com oneração maior dos produtos de origem fóssil, mas sem especificar como se dará a modelagem da reoneração, nem quais combustíveis serão reonerados primeiro. O impacto anual esperado com a medida é de R$28,8 bilhões em receitas, afirmou a jornalistas Chico Prado, assessor de imprensa da Fazenda, o que é positivo do ponto de vista das contas públicas, embora a reoneração traga temores de aumento da inflação. (Mover)
O governo estuda usar o caixa da Petrobras como uma das formas de recompor a receita requerida pela Fazenda com impostos sobre combustíveis. Quem recolhe os impostos devidos pelos combustíveis, ICMS e PIS/Cofins, e os repassa a estados e à União é a Petrobras. Assim, pela equação em avaliação, a empresa passaria a recolher o imposto com desconto e repassaria aos entes federativos a alíquota cheia. (Valor)
Uma reoneração dos combustíveis seria considerada uma vitória para a ala técnica do governo, principalmente se ocorrer sem impactos diretos à Petrobras. As sinalizações até o momento mostram que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que defendia a reoneração, mantém sua força política, apesar das pressões por parte do Partido dos Trabalhadores e de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao mesmo tempo, a decisão torna o ministro o “malvado número 1”, segundo coluna da jornalista Eliane Cantanhêde, já que o partido se opunha à decisão. (Mover/Estado)
O martelo sobre o formato da reoneração deve ser batido nesta manhã, em uma reunião que acontecerá às 9h30 com Lula, Haddad e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, além dos ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e da Casa Civil, Rui Costa (PT). (Mover)
ECONOMIA
Em entrevista ontem a jornalistas, Haddad comentou que não devem ser anunciados nesta semana os nomes escolhidos por Lula para duas diretorias do Banco Central. Hoje terminam os mandatos do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, e de Fiscalização do BC, Paulo Souza, que devem continuar interinamente nos cargos até que se tome uma decisão sobre o comando dessas diretorias. A expectativa é que os nomes sejam decididos de forma consensual por Haddad e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. (Mover/Agências)
Hoje acontece, às 11h00, a cerimônia de reinstalação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, com a presença de Lula, que deve aproveitar o evento para reafirmar que o combate à fome e a inclusão socioeconômica da população vulnerável são prioridades de seu governo. (Valor)
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou ontem que a arrecadação de janeiro é superior ao que se previu, em termos de planejamento. Ele disse, porém, que isso não garante os resultados dos próximos meses, nem redução do déficit projetado para 2023. (Agências)
O governo central registrou superávit primário de R$78,3 bilhões em janeiro, acima do consenso de mercado de R$60,9 bilhões, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional ontem. O resultado é o melhor para um mês de janeiro, em termos nominais, desde o início da série histórica do Tesouro, em 1997, e o segundo melhor em termos reais, atrás apenas de janeiro de 2022. (M0ver)
Ceron também disse ontem que outro reajuste do salário mínimo e mudanças na tabela do Imposto de Renda, juntos, devem custar aos cofres públicos cerca de R$8,2 bilhões até o fim deste ano, mas afirmou que isso será compensado pelo lado da arrecadação, já que a perda não foi prevista no Orçamento de 2023. (Valor)
POLÍTICA
Uma das maiores oposições ao governo federal no Congresso, a bancada da bala está rachada em torno de quem será o líder nesta legislatura. A disputa se dá entre o deputado Alberto Fraga (PL), que criou a frente parlamentar da segurança pública em 2005, e o deputado Antonio Carlos Nicoletti (União Brasil), ligado à Polícia Rodoviária Federal e que critica a liderança da bancada em legislaturas anteriores por só tratar dos problemas da Polícia Militar. (Valor)
ESTATAIS
O Ministério de Minas e Energia definiu a relação de indicados da União para compor o novo conselho de administração da estatal. O atual secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da pasta, Pietro Mendes, foi apontado para presidir o colegiado. A Petrobras também recebeu ofício da Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda com as indicações de Viviane Aparecida da Silva Varga e Otávio Ladeira de Medeiros para o conselho fiscal. (Mover)
AGENDA
-O presidente Lula tem reunião marcada com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, além do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, às 9h30.
-Lula participa da cerimônia de reinstalação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), às 11h00.
-O presidente Lula tem encontro marcado com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante, às 16h00.