Por: Beatriz Lauerti
Em encontro realizado na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo,) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a taxa básica de juros Selic “sempre vai ser um obstáculo a uma redução consistente dos juros e a uma democratização do crédito no Brasil”.
Haddad afirmou que a pasta “vai abraçar essa agenda” (de baratear o crédito) e que o interesse estrangeiro no Brasil será crescente se “acertarmos o passo entre três grandes agendas – a fiscal, a de crédito e a regulatória -, com foco na reindustrialização”.
Para o ministro, a questão fiscal é “pressuposto de desenvolvimento”. E a reforma tributária, juntamente com a aprovação de um novo arcabouço fiscal, são agendas de “curtíssimo prazo”.
O chefe da Fazenda afirmou que o arcabouço fiscal será definido até abril – é nesse documento que estará a regra que substituirá teto. de gastos.
O ministro reconheceu a importância do impacto da redistribuição de carga tributária entre os setores e citou a questão da recuperação de crédito tributário como “algo muito complicado no país”. Ele disse que a reforma tributária praticamente resolve o problema.
Haddad julgou a reforma tributária como essencial para a reindustrialização. “Não vejo nada mais importante que isso no curto prazo”, disse. Também defendeu esforços para que a política fiscal e a monetária se harmonizem, criticando desonerações feitas no governo Bolsonaro.
Sobre a expectativa de inflação no Brasil, Haddad pontuou que a expectativa no Brasil é “menor do que em países desenvolvidos”. A inflação é de menos de 6% — o Índice de Preços ao Consumidor Amplo fechou 2022 em 5,79% — com o nível da taxa Selic “de quase 14%”.
CRÉDITO
O ministro da Fazenda afirmou que o escolhido para o cargo de presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, o ex-ministro Aloizio Mercadante, após tomar posse, deve definir a política de crédito a partir de reuniões internas.
Haddad afirmou que a pasta enviará medidas para “destravar o crédito”, com objetivo de acelerar o desenvolvimento nacional e sinalizou que as propostas vão tramitar “no máximo em março”.
BANCO CENTRAL
A escolha do sucessor do diretor do Banco Central, Bruno Serra, foi discutida com o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, com quem Haddad também se reuniu nesta segunda-feira.
O ministro afirmou que a prerrogativa para a decisão sobre quem serão diretores do Banco Central é do presidente Lula, e que os nomes podem ser tanto do setor público quanto do privado.