Por Reuters
O general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e o advogado do ex-mandatário Frederick Wassef estão entre os alvos de uma operação realizada nesta sexta-feira pela Polícia Federal para investigar um esquema ilegal para venda de joias dadas por autoridades estrangeiras a representantes do Estado brasileiro, afirmou uma fonte com conhecimento do caso.
“Cid pai e Wassef são alvos e a ação tem a ver com joias”, disse a fonte, sob condição de anonimato.
Em um comunicado sem identificar os alvos, a Polícia Federal informou que cumpre quatro mandados de busca e apreensão em endereços em Brasília, São Paulo e Niterói, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior”, afirmou a PF.
“Os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”, acrescentou.
Bolsonaro está sendo investigado pela PF depois que a Receita Federal apreendeu conjuntos de joias não declarados entregues por autoridades da Arábia Saudita a delegações do governo brasileiro, que seriam destinadas ao então presidente e familiares.
Um dos conjuntos de joias sauditas, avaliado em 16,5 milhões de reais e que teria a então primeira-dama Michelle Bolsonaro como destinatária, foi apreendido pela Receita no aeroporto de Guarulhos em outubro de 2019 com um membro de comitiva do governo Bolsonaro que retornava da Arábia Saudita.
Outros dois pacotes de presentes entraram no país e chegaram a ser entregues a Bolsonaro. Todos os conjuntos foram devolvidos posteriormente pelo ex-presidente após ordem do Tribunal de Contas da União (TCU), depois da revelação feita pelo jornal O Estado de S. Paulo de que Bolsonaro tentou recuperar as joias apreendidas pela Receita de forma irregular antes do fim de seu mandato, no fim do ano passado.
O advogado Wassef chegou a divulgar uma nota oficial em março em defesa de Bolsonaro no caso das joias, afirmando que o ex-presidente havia declarado oficialmente os “bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens, não existindo irregularidade em suas condutas”.
Procurado pela Reuters, Wassef não respondeu de imediato a um pedido de comentário nesta sexta-feira.
Braço-direito de Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid está preso desde maio por outra investigação, em relação à suposta inserção fraudulenta de dados de vacinação nos registros do ex-presidente e de pessoas próximas. O pai de Cid foi contemporâneo de Bolsonaro no Exército e recebeu um cargo no governo federal durante o governo do ex-presidente. Não foi possível localizar um representante de Mauro Cesar Lourena Cid.