Não adianta fazermos nosso trabalho e o BC não acompanhar, diz Haddad

Ministro afirmou que o dólar precisa se estabilizar em um patamar mais baixo

Agência Brasil
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Por Stéfanie Rigamonti

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse em entrevista coletiva na China nesta sexta-feira que o Executivo depende de outros Poderes para que o seu trabalho na área econômica seja bem-sucedido.

“Não adianta nada eu, de um lado, fazer um trabalho e o BC não acompanhar o movimento na direção de convergir para uma política sustentável de crescimento com baxa inflação, distribuição de renda e sustentabilidade ambiental”, declarou o ministro. “Não depende só do Executivo”, completou.

Haddad mandou um recado também ao Legislativo e ao Judiciário. “Se o Congresso for sensível a essa agenda que estamos estabelecendo de recuperação da base fiscal, que dá sustentação para o Estado nacional, e se formos bem-sucedidos também frente ao Judiciário, em relação a temas que têm impacto fiscal muito forte, eu penso que seria natural o real voltar para um patamar mais adequado”, disse Haddad.

Ele reconheceu a importância de manter o câmbio flutuante, mas afirmou que o dólar precisa se estabilizar em um patamar mais baixo.

Ainda segundo Haddad, a economia brasileira costuma responder rapidamente a bons estímulos, por isso reafirmou que conta com a colaboração de outros Poderes para o crescimento do país.

Visita à China

Questionado sobre como os Estados Unidos podem responder à aproximação entre o Brasil e a China, Haddad disse que espera apenas mais parcerias com os americanos. “O Brasil tem que vencer o isolamento da gestão passada”, afirmou. “Somos grandes demais para ficar escolhendo parceiro”, completou.

O ministro disse que espera que o Brasil estabeleça as melhores relações com três importantes parceiros comerciais: os EUA, a União Europeia e a China. Ele afirmou que o governo está engajado em avançar, no segundo semestre, com a parceria entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a UE. Segundo Haddad, sob o comando da Espanha, abre-se uma janela de oportundidades com o acordo entre os dois blocos econômicos.

Haddad também falou que o Brasil está aprofundando estudos na negociação comercial com outros países usando moedas locais. Ele destacou ainda que os setores de Saneamento e Elétrico poderão se beneficiar com projetos de Parcerias Público-Privadas que contarem com a participação de outros países. O ministro disse que tem ouvido no exterior que a regulação do setor elétrico brasileiro é uma das melhores do mundo, e que isso atrai investidores estrangeiros.